Wednesday, March 24, 2010
Wednesday, March 17, 2010
Abrindo o jogo para quem não entendeu.
No mesmo dia em que fiquei sabendo pelo Blog Pirata Football News que o Corinthians Steamrollers e o Brusque Admirals, até então confirmados por seus presidentes como participantes do Torneio Touchdown 2010, resolveram entrar em outro campeonato, o America Red Lions fez uma entrevista comigo para o site do time. A entrevista é reproduzida aqui no blog:
André José Adler, abre o jogo e conta tudo.
Red Lions:
Antes de tudo gostaria de agradecer a presença no nosso site e dizer que é uma honra te-lo aqui.
Andre José Adler:
A honra é minha de estar num site de campeões.
RL:
Você é uma pessoa, que conhece muito de FA, não só no Brasil, mas pelo mundo todo. Como vê a evolução do esporte em terras tupiniquins e o que falta para o nosso pais ser uma potência no esporte?
Adler:
A evolução vai depender de base. Quando a gente puder ver garotada sem camisas brincando com bola oval como brincam com a bola redonda em praias, parques, playgrounds, na hora do recreio na escola, saberemos que podemos pensar em "potência" no futuro.
Mas o crescimento de football, seja Beach Football, Flag, ou Tackle é impressionante. Há pouco mais de 10 anos, quando eu falava no pessoal jogando no Brasil, seja na Praia de Copacabana, Ibirapuera, ou atrás de um museu em Curitiba, era zoado por colegas na ESPN nos Estados Unidos e hoje ha times pelo país todo.
Fora do Brasil, a minha vivência foi na MAFL, a liga da Hungria, que cresceu durante o período que vivi de 2006 até março de 2009 para 25 times em 3 divisões, e é bom lembrar que é um país pouco menor que Santa Catarina. Uma diferença notável, e pouco depois q saiu da fase de brincadeira, quando times se formaram como o Budapest Cowboys e o Budapest Wolves, já começaram a jogar equipados. Mais fácil a aquisição de equipamentos a custo baixo sendo parte da Comunidade Européia. A Liga está no seu sexto ano e há alguns times bem razoáveis e um ótimo, o Budapest Wolves.
Aqui, começamos a ver alguns jogos equipados de boa qualidade no ano passado, no Torneio Touchdown, acredito na evolução.
RL:
Já que você tocou no assunto. Era o sonho de todos os brasileiro amantes deste esporte maravilhoso, ver um dia um campeonato a nível nacional, com todos os jogadores equipados, como você vê o "saldo" do TT09?
Adler:
Conseguimos chamar um bocado de atenção. Mas não conseguimos atrair ainda um público necessário para podermos ser patrocinados adequadamente. Em termos de qualidade, vimos que temos excelentes RBs em muitos times, mas ainda estamos longe de um jogo aéreo espetacular. Bons bloqueadores apareceram. Técnicos aprenderam, espero, um pouco mais sobre estratégias, Muitos erros foram cometidos tanto em organização, quanto às atitudes em campo. Não é por jogar com full pads que um jogador passa de Clark Kent para Super Homem. E muitas, mas muitas jardas foram perdidas por faltas evitáveis. Mas o saldo do TT 2009... Eu só creio que vou poder avaliar depois dos torneios e campeonatos de 2010.
RL:
Em sua opinião a recém formada LBFA, pode vir a fazer com que o esporte cresça? Ou essa divisão pode vir a ser ruim para o esporte? O que ocasionou esse "racha"?
Adler:
Sabia que não iria escapar de uma pergunta assim. Estava demorando.
Eu posso dar uma resposta diplomática, mas verdadeira. Como você falou, a LBFA é recém formada. Como posso avaliar o que vai de fato fazer para que o esporte cresça? Hoje foi divulgada a diretoria e o presidente da liga é o diretor de comunicações da AFAB, além de técnico, QB, e presidente do Cuiabá Arsenal. Certamente é um bocado de atividades. Claro, Orlando Ferreira Jr., conta na diretoria com o Fernando Boing que já foi presidente da LCFA e poderá com sua experiência de campeonatos ser uma grande força.
Eu fui o Conselheiro do Grupo Gestor em 2009, e acabei tendo que exercer funções mais executivas que previa. Era a única pessoa que não era ligada a nenhum dos times, portanto com foco no TT inteiro. Sou profissional de narração e televisão, mas como já trabalhei em produção de teatro, cinema e comerciais, posso me apaixonar por este aspecto de um projeto também. Isto aconteceu. Conversei muito com o Flavio “Skin” Cárdia sobre melhoramentos para 2010. Apesar de diferenças filosóficas quanto aos caminhos da bola oval nacional, nos damos bem. Baseado nestas conversas e de acordo com o Flávio, propus algumas mudanças, inclusive que o Grupo Gestor fosse transformado para que cada time se representasse individualmente.
Enfim, o Grupo Gestor se reuniu sem meu conhecimento, e no dia seguinte fui comunicado da minha exclusão de um torneio que eu idealizei e batizei. Fui também acusado de cobrar para narrar jogos, e não querer compartilhar as mesmas imagens com uma rede concorrente da rede que me abriu as portas para reportagens sobre o torneio. Nestes momentos as decisões se tornam difíceis. O rompante de raiva é o mais fácil. Mas pensando em todos os jogadores que puderam curtir jogar no TT 2009 eu pensei em quantos mais poderiam ter a mesma chance com um TT 2010. Foi quando busquei o apoio da AFAB, e o encontrando, comecei o projeto do TT 2010 dentro de uma filosofia clara, na qual acredito 100% e está publicada em http://andreadler.blogspot.com/2010/02/filosofia-do-torneio-touchdown.html
RL:
Hoje divulgamos em nosso site, que alguns dos principais nomes que participariam do TT2010, migraram para o campeonato da LBFA. Em sua opinião isso foi uma espécie de "traição"?
Adler:
Quanto aos dois times que haviam confirmado sua presença no Torneio Touchdown e estarão jogando na nova liga. Claro que seus responsáveis poderiam ter tido um comportamento mais claro e correto do que me deixar saber por um blog paulista (que leio um bocado porque costuma ser muito comédia).
Mas passado um momento de decepção pessoal, a minha reflexão é que seus objetivos de desenvolvimento não se coadunam com a filosofia do TT. Um deles já foi substituído por outro de desempenho estadual melhor (não vou anunciar agora, minha vez de um pouco de suspense). O tempo e o desempenho deles em campo e fora na LBFA dirão se o TT perdeu de fato ou se livrou de um abacaxi.
RL:
Vamos dirimir uma polêmica. O Rio de Janeiro Imperadores é ou não é o primeiro Campeão Nacional de F.A.?
Adler:
Hhahahaha O RJ Imperadores foi o melhor time do Brasil em 2009 e eu tive o grande e verdadeiro prazer de entregar para o time o troféu de Campeão do Torneio Touchdown. Entenda, é um time que provou o seu mérito. Agora, quero que fique bem claro que eu insisti que o TT 2009 tivesse o nome que teve não apenas por achar que seria bom como marketing, ou porque TouchDown é meu apelido desde o mIRC, ou pelo meu bordão de "E é tooouchdooooown!", mas como muitos dos presentes na reunião em Sorocaba podem lembrar, eu achava "campeonato brasileiro" pretencioso e genérico para se o nome do torneio de futebol americano. Mas não vou brigar com quem quiser chamar o time de campeão nacional, ou brasileiro. Isto não muda nada na minha vida. Sintam-se justificadamente orgulhosos e sejam felizes!
RL:
Vimos você em alguns bowls por ai a fora, com a presença do Duda Duarte, como surgiu essa parceria?
Adler:
Ah! Duda bate papo comigo no MSN há muito tempo. Mostrou-me vídeos do Reptiles. Citei-o num jogo de NCAA que comentei na Hungria. Sabia que ele tinha narrado no Saquarema Bowl no ano passado e o convidei para repórter de campo no primeiro jogo do Imperadores VS Storm. No segundo, já o convidei para comentarista. É bom ter ao lado um comentarista que conhece o jogo de dentro. Duda tem muito pique, me ouve bastante quando trabalhamos juntos. E foi muito legal fazer o Saqua este ano com ele. Boto fé no seu futuro no microfone. Precisamos de muitos narradores e comentaristas para todos os jogos. Só assim faremos um público que volta e traz mais gente.
RL:
Hoje há algum time capaz de destronar o Imperadores (em ambas as ligas) ou como dizem aqui no RJ, o Império nunca cairá?
Adler:
A chave do Imperadores, e isto todo mundo sabe, é o seu grande elenco que permite muitas escolhas para o Flavio, e o fato do pessoal ter anos de experiência na areia. O Imperadores tem alguns dos melhores jogadores de vários times do Carioca Bowl. Mas não todos, e a mesma receita pode criar outro bolo.
Já quanto aos outros times que já vi, a maioria se baseia em 3 ou 4 talentos individuais para liderar.
Mas... Se eu soubesse quem vai ganhar o Super Bowl não teria vontade de assistir a nenhum jogo da NFL!
RL:
Haverá ou não TT2010?
Adler:
Sinceramente? Hoje de manhã fiquei quase na dúvida porque me senti cansado, mas tantas coisas boas aconteceram em seguida que não vejo porque não haveria! Claro que tem gente fazendo mandinga contra, Mas vários times bons querem e acho que eles têm santo forte!
RL:
Pra finalizar, fica alguma magoa de algum ou de todos os times e dirigentes que migraram para a LBFA?
Adler:
Mágoa eu não tenho de time algum. O mais importante num time para mim são os jogadores e não os dirigentes, E fiz amizade com jogadores em todos os times que conheci. Quero ressalvar que uso "amizade" como simpatia, pois prezo muito os meus verdadeiros amigos que não são de time nenhum.
Quanto aos times que migraram eu não poderia ter mágoa. Cada uma faz a escolha que acha mais acertada para seus objetivos. Eu não sou uma "liga". Não serei uma liga. Sou um cara que acredita num caminho para o crescimento de um esporte que gosto. Não existe a liga do Adler. Algumas pessoas que eu prezava, no entanto, agiram sem gentileza e perderam a admiração que eu tinha por elas. Conduta anti-esportiva fora de um campo... Mas não posso jogar um pano amarelo.
RL:
Gostaria de deixar algum desabafo, recado conselho ou alguma dica para os fãs ou quem quer que seja?
Adler:
E para terminar, já que é o site do Red Lions para quem entreguei seus dois troféus de campeão...
GO Red Lions! A bola é sua!
Data: 05/03/2010 Hora: 20:09:23
Friday, March 12, 2010
Feliz 2010 para a Bola Oval!
Com o começo do Paranaense (e ainda o Gaúcho) neste fim de semana começa a “season” brasileira de 2010. Segundo ano de full pads para vários. Poderíamos dizer que 2009 foi o ano do jogo corrido. Mullet, Manning, Tiagão, Romulo, Miguel, Huck, e Roichman, foram alguns dos nomes (ou apelidos) que ficaram conhecidos por aqueles que tiveram a oportunidade de acompanhar o Torneio Touchdown. Um dos melhores rendimentos por um QB deveu-se também ao talento de corrida do Bernardo Werner, do Gladiators.
Uma das coisas que valerá observar será o desempenho dos QB’s. Muitos tem boa proteção, tanto que alguns até trabalham a maior parte do tempo no shotgun. Alguns dos times mostraram que tem um bom elenco de WR’s também. Vários QB’s jovens, alguns com mais ou menos experiencia mostraram alguns passes sensacionais mesmo tendo sido prato cheio para defensive backs. Mas ainda não apareceu o nosso QB “simbolístico” como na NCAA ou NFL. Muitos passes na base do “se colar, colou” foram lançados.
Menos badalados, os bloqueadores tanto de defesa quanto de ataque da maioria dos times trabalharam com boa qualidade. Um dos maiores dramas foi a quantidade de pontos extras e field goals perdidos. É difícil atrair bons kickers para os nossos times, já que os chutadores de maior talento preferem óbviamente brincar com a bola redonda do que com a oval. Dar uma meia dúzia de chutes por partida com a bola oval não é atraente o bastante. Com isto, muitos tem que dobrar posição num time e atuar também como K. E isto leva vários técnicos a decidir conversões de 2 pontos muitas vezes desnecessárias ou imprudentes.
Falando em dobrar e em técnicos, muitos times tem também ainda está situação de jogadores-técnicos. Claro, isto acontecia até nos primórdios do futebol americano nos Estados Unidos e por vezes com bons resultados. Mas estes heróis tem a mesma desvantagem de um diretor de teatro que é também ator numa peça. O diretor fica sem a visão geral do espetáculo e o o ator não é dirigido. Pessoal tem que ter a genialidade de um Chaplin ou Woody Allen.
Porém um dos problemas mais sérios é a quantidade de faltas.. Muitas vezes times caminharam paulatinamente da redzone para quase a própria endzone presenteando adversários com jardas quilométricas. Nem falo de “false starts/offsides” que são faltas motivadas mais por falta de concentração do que por qualquer outra coisa, mas de “face masks” alguns motivados ainda pela pouca experiencia com capacetes, já outros com sabor de falta pessoal. As faltas pessoais foram as mais custosas e é preciso deixar o machismo latino em segundo plano, contar até 10 e evitar muitas destas faltas pensando no quanto elas podem prejudicar o seu time.
É importante deixar o ufanismo dos full pads para trás, ninguém vira Super Homem com eles. Ir aos treinos e treinar o mais possível e se lembrar que os times que entraram de salto alto em 2009 saíram de havaianas.
Dito isto tudo, pessoalmente eu boto fé na galera e espero um salto de qualidade geral este ano.
A bola é sua!
(publicado originalmente no site Sidelinebrasil)
Tuesday, March 9, 2010
A Aquarela do Erasmo Carlos
Terminei de ler o livro do Erasmo Carlos “Minha Fama de Mau” com o qual me diverti muito. Li ele quase todo no avião indo para Foz do Iguaçu e voltando, faltou um pedaço que lí em casa. O livro é leve como uma aquarela.
Ele fala de muita gente com quem conviví e me trouxe boas lembranças. Inclusive das filmagens de “Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa” do Roberto Farias, no qual fui 3º assistente de direção, ou sejá pele, ou seja como nos créditos: “contra regra”. Isto porque carregava pra cima e pra baixo a maldita estatueta reproduzindo a Pedra da Gávea, que era importante na trama do filme.
Tenho várias lembranças das filmagens, como o RC sempre mandando o seu secretário comprar coisas legais para a equipe, sempre chocolate para mim, e muitas piadas.... e ele praticando inglês comigo.
Uma das lembranças foi quando a gente tava enfurnado nas Grutas de Maquiné em Minas Gerais. Teve um dia que filmamos 24 hs seguidas para acabar. Eu ia lá fora buscar o pessoal para filmar. O Professor Nakatani, que era um professor genial de aikido e fazia o genio que acabava morto pelo José Lewgoy q era (grandes novidades!) o vilão, estava lá fora jogando cartas com os outros japoneses que eram os asseclas do Lewgoy no filme. Aparecer num filme com Roberto Carlos era tudo que muitos sonhariam. Fui buscar o mestre:
“Vamos lá, professor. Vamos rodar uma cena!”
Ele, com todo o sotaque da terra do sol nascente: “É cena de morte?”
Eu, sorrindo: “Ainda não, é um diálogo com o Lewgoy”.
E ele, meio decepcionado: “Quero morrer logo. Quero voltar pra Rio!”
Outra lembrança, e esta sim bem absurda. Eu estava fazendo claquete, e a cena era gravada com som direto como guia. Era um close da Wanderléa. Eu tinha que segurar a claquete aberta, dizer o numero da sequencia e da cena, bater a claquete e tirar pelo lado. Lembro que era uma posição ultra sem jeito pra esta pequena função. Fiz a primeira claquete e o diretor Roberto Farias me disse que tirei rápido demais. Repetí, e ainda não saiu como ele queria. Na terceira tentativa eu já estava tão nervoso que disse o número da cena e batí a claquete mas ela não fez som... o nariz da Wanderléa ficou preso na claquete. Pelo menos foi uma gargalhada geral. E a Ternurinha não teve o seu nasal machucado com necessidades de Pitangui!
Mas a história que o livro do Erasmo me lembrou é uma que óbviamente não está no livro dele. Naquela época a gente tinha uma turminha muito querida (nos encontramos menos hoje mas nos gostamos igual) que se reunia na casa do Paulinho Mendonça e sua então esposa Maria Alice Langoni. Paulinho através dos anos penetrou mais e mais no cinema brasileiro e hoje ‘é o Diretor Geral do Canal Brasil. Reginaldo Faria, sua então esposa Kátia, Claudio Tovar, Regina, Berilo Faccio (na época assistente do Roberto Farias) e mais outros queridos nos juntávamos e conversávamos e criávamos filmes, peças, músicas.
Mas quando a gente saía e dava de cara com coisas que achávamos caretas, cafonas, quadradas, coisas que faziam parte do kitsch nacional, cantarolávamos “Aquarela do Brasil” como um código da observação. Muitas das nossas brincadeiras foram parar em filmes do Reginaldo, ou nos roteiros que eu escrevia.
Numa filmagem do “Diamante” eu estava no barco com o Erasmo, indo filmar numa ilha. Nesta época o Tremendão já diversificava seu repertório buscando coisas outras que “jovem guarda”. Pois eu passei a viagem inteira convencendo o Erasmo que seria sensacional ele gravar a obra prima de Ary Barroso “Aquarela do Brasil”.
Quando a noite chegou, e eu fui pra casa de Paulinho e Maria Alice e contei que o Erasmo ia gravar a Aquarela, foi um festival de gargalhadas mesmo que ainda um tanto incrédulas. Ele gravou. Foi um grande sucesso e o Erasmo nunca soube que por trás da minha sugestão estava mais uma brincadeira com a nossa turminha.
Depois do filme, só reencontrei o Erasmo nos anos 80 em Nova York, numa noite que Billy Blanco Jr, tocava no City Lights, em Greenwich Village. Ambos tínhamos mais cabelos que não eram ainda brancos. Batemos papos gostosos e nos despedimos com um abraço com o afeto que mantenho no peito até hoje pelo Tremendão.
Friday, March 5, 2010
Bye Bye Johnny, Bye Bye, Alfredo!!
Adolescente, em 1962, eu trabalhava num teleteatro semanal no programa “De Braços Abertos” na TV Continental. O programa era as quartas-feiras e depois eu ficava por lá pra assistir o programa de rock do Carlos Imperial, e geralmente rachava táxi com o Roberto Carlos para voltar para Copacabana. Roberto saltava na Av. Prado Jr. e eu seguia para a Rua Santa Clara onde morava.
Numa destas quartas conhecí la na tv o locutor que tinha talvez a voz mais bonita do Brasil, Paulo Santos. Paulo era famoso pelo seu programa “Em tempo de jazz” na Rádio MEC. E fui assistí-lo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, numa apresentação de “Pedro e o Lobo”, de Sergei Prokofiev composta para narrador e orquestra. O maestro Aaron Copland veio dos Estados Unidos para reger e Paulo Santos foi o narrador.
Ficamos amigos, eu era amarradão em jazz, e ele me dava verdadeiras aulas tocando faixas de sua enorme discoteca. Uma delas, “How High the Moon”, do LP “Ella in Berlin” com Ella Fitzgerald tornou-se uma das minhas favoritas de todos os tempos.
Apesar de estar apenas com 17 anos, meus pais já estavam acostumados que eu chegasse tarde em casa. Fazia teatro já há 4 anos e muitas vezes ia jantar com pessoal de teatro no “La Gondola” ou na “Fiorentina” que eram restaurantes da classe teatral. Copacabana era um bairro seguro.
Numa destas noites, fui com o Paulo Santos na boite “Bottle’s Bar” no Beco das Garrafas, que era o reduto da bossa nova e do jazz. Lá conhecí alguns dos melhores músicos e cantores que este país já teve, Johnny Alf, Silvinha Telles, Leny Andrade, Edson Machado, Tião Neto, Luiz Carlos Vinhas, Tenório Jr., Luizinho Eça, Bebeto, Chico Batera e tantos outros.
Passei a ser frequentador assíduo e quando tinha batida do juizado de menores, me escondia no ar refrigerado.A única pessoa próxima da minha idade de quem me lembro lá é o Antonio Bivar, que se tornou depois um autor teatral genial da “contracultura” brasileira dos anos 60. Mas o Bivar, um tanto mais velho que eu, já era maior de idade.
Fiquei amigo do pessoal, e quando eu chegava o Johnny Alf já atacava “Céu e Mar” que de suas muitas composições lindas era a minha favorita. Entre os seus sets entrava um rapaz que vinha de Niterói mandando um tremendo jazz no piano: Sergio Mendes. Johnny e eu batíamos longos papos sobre tudo. Quando não era o Johnny, era a maravilhosa Silvinha Telles, que me dava carona pra casa no fim da noite (ou no começo da manhã).
Virar noite não era incomum para mim nesta época. Lembro-me de um amanhacer na praia quando o Johhny escreveu numa revista a letra de sua canção “Ilusão atoa” com uma linda dedicatória para mim. Em inglês. Eu fazia IBEU e adorava praticar inglês. Ele também. A revista eu perdi, e a dedicatória esqueci. Mas não o sentimento.
Passaram-se os anos e eu só reencontrei o Johnny em São José do Rio Preto, creio que em 2001, quando fui para um IRContro com amigos de lá e ele estava fazendo um show. Depois do show relembramos tempos há muito passados e botamos uns papos em dia.
Lembro que ele ficou muito supreso por eu ter me tornado locutor esportivo, pois tinha me assistido em teatro.
Céu e mar, estrelas na areia
Verde mar, espelho do céu
Minha vida é uma ilha bem distante
Flutuando no oceano na aventura de viver
Céu e mar, estrelas na areia
Verde mar, espelho do céu
Meus desejos são estrelas pequeninhas
Rebrilhando de alegria por alguém que me quer bem
Geralmente o que a gente quer na vida
É preciso esperar pra acontecer
Felizmente a gente encontra alegria
No carinho e devoção de um bem querer
Céu e mar, estrelas na areia
Verde mar, espelho do céu
Minha vida, vou passando
Meu amor, eu vou amando
E meu barco vou levando a céu e mar
Alfredo José da Silva, que ficou famoso como Johnny Alf (nome adotado num programa do Paulo Santos) não levou seu barco ao mar. Mas certamente o levou para o céu com o seu dom musical que foi um presente... do céu.
R.I.P. Johnny.
Wednesday, March 3, 2010
Times em progresso: Foz do Iguaçu Black Sharks e Corinthians Steamrollers
E a bola oval vai ganhando mais jardas do norte ao sul!
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