Monday, June 9, 2008

Meu pitaco no Futebol Americano -Depoimento ao Everaldo.

O Everaldo Marques da ESPN está escrevendo uma monografia sobre futebol americano e me fez umas perguntas tão boas que me inspiraram respostas que contam tudo (ou quase...) Aqui está o papo.


- Para você, pessoalmente, como "estrangeiro" (não-norte-americano), quais foram as principais dificuldades de aprendizado/entendimento do jogo no início do seu contato com o futebol americano?

Uma das dificuldades foi certamente ter crescido num ambiente onde o esporte não era práticado, transmitido, sequer noticiado. Como todos no Brasil, as minha memórias de infância são de futebol. E algumas nem muito boas, pois quase fui espancado no colégio por ter nascido na Hungria, quando a Hungria eliminou o Brasil na Copa de 54. Por outro lado, poucos anos depois o treinador Gyula Mandi foi para o Rio ser técnico do América, e amigo do meu pai que era, jantava lá em casa umas três vezes por semana. Aprendí um pouco de judo em academia quando menino, e esta era a variedade do meu universo esportivo. Mas quando fui escoteiro, um chefe havia ido aos Estados Unidos, e introduziu o flag football na tropa. Eu achava muito divertido, mas como a gente usava os póprios lenços dos uniformes, eu pensava que aquilo era apenas uma brincadeira de escoteiros. Nem sabia que tinha a ver com futebol americano.

A primeira vez que prestei atenção na garra e importância do futebol americano foi em 1978, quando – irônicamente- me aventurei à morar um tempinho em Paris, e fui assistir o filme “O Céu Pode Esperar” com Warren Beatty.

Em 1979 eu fui morar em Nova York, e no meu processo de integração aos Estados Unidos o “football” teve um papel muito pequeno. Mas rodeava o meu cotidiano, assim como os outros esportes americanos. Foram poucos jantares de Thanksgiving que fui, através dos anos, sem a TV estar ligada num jogo da NFL. E nomes como Pete Rozelle, Terry Bradshaw, Joe Montana, Don Shula, Lynn Swann logo fizeram parte da minha absorção cotidiana de noticiários assim como Jimmy Carter, George Steinbrenner, Ronald Reagan, Robert De Niro, Wayne Gretzky ou Meryl Streep.

Quando comecei a transmitir futebol americano em 1992, a única coisa portanto que eu tinha a meu favor, era estar aclimatado e menos „estrangeiro” quanto ao contexto de sua popularidade na cultura americana.

- Como surgiu a oportunidade de transmitir o futebol americano e quais foram as suas preocupações iniciais em termos de linguagem? Existia preocupação em ser didático?

Honestamente eu nunca pensei que teria qualquer envolvimento profissional com esportes. A minha experiencia no Brasil, dos 12 aos 34 anos (quando cheguei nos Estados Unidos) englobou televisão, cinema, teatro, propaganda, Como ator, autor, diretor, produtor, roteirista, assistente de direção, iluminador, e sei lá o que mais. Este sempre foi meu universo.

Em Nova York fiz cursos de teatro, dirigí off-off Broadway, fui ator, dublador, guia de turismo. Trabalhei no marketing da New York Chamber of Commerce, fui tradutor, legendei em inglês programas da Rede Globo, fui professor de técnicas de desinibição para executivos, e gravei muitas locuções para o Brasil. Desde ser a voz do presidente da IBM e dos elevadores Otis para o Brasil até gravar o video de vendas da MTV para afiliadas brasileiras, e o da ESPN. Isto tudo através de agencias.

Uma delas me ligou uma vez para que eu fizesse um teste para a ESPN. Pensei que era apenas mais um video e pedí que mandassem o meu demo. Pouco depois me ligou uma brasileira, casada com um colega da Globo, que havia sido contratada para recrutar vozes em português para os programas da ESPN e me convidou para fazer um teste em Connecticut. Delicadamente eu disse que não queria perder o tempo dela ou o meu, que eu era torcedor fanático do Brasil em época de Copa. Mas o meu acompanhamento de esportes era limitado mais ou menos a isto.

Mesmo assim, eu liguei o “por que não?” e fui a Bristol, onde gravei um programa de highlights de futebol alemão, e como não tremí no microfone poucas semanas depois me ofereceram o emprego que era apenas de sábados e domingos.

Era uma equipe pequena, e a gente fazia até 3 programas por dia. A gente assistia aos videos, fazia anotações e ia para a cabine. Usando o que eu sei, e bem na filosofia da ESPN, eu me concentrava em fazer os programas divertidos enquanto em casa estudava uma batelada de livros sobre regras de diversos esportes. Enfim, começamos a transmitir esportes ao vivo, e à mim coube o golfe. Um esporte muito fácil de entender e mais fácil ainda de narrar, desde que se esteja bem dormido.

O Ivan Zimmermann começou a fazer o futebol americano, junto com um rapaz americano que explicava bem o jogo, mas seu sotaque tornou-se inaceitável. Arrumaram um outro brasileiro (a ESPN era um entra-sai total) que durou pouco. O chefe do serviço, Esteban Gonzales, me chamou e disse que eu teria que aprender e fazer futebol americano e mais, que iríamos transmitir o Super Bowl XXVII ao vivo do Rose Bowl, em Pasadena. Eu reagí contra, pois nem sequer havia pensado nisto. Ele manteve a sua decisão e disse que eu iria acabar gostando. Pois é. Ele tinha razão.

Então sim, vieram as dificuldades de aprendizado. O paraguaio Benny Ricardo, que havia sido kicker do Vilkings, era o comentarista em espanhol, nos deu algumas aulas básicas. O narrador Alvaro Martin, grande conhecedor de futebol americano, me ensinou muito e foi a pessoa que muito me incentivou. Durante o que restava da temporada, eu me limitei ao mais básico. Eu narrava e, a contragosto, o Ivan comentava. Quando finalmente fomos fazer o Super Bowl, o Ivan insistiu em narrar e pouco sobrou para mim comentar. Pessoalmente, eu me fascinei com o espetáculo e com a habilidade dos jogadores. Foi quando disse que o Emmett Smith parecia um carro que engatava uma 5ª marcha direto. Foi quando percebí e entendí (e é uma coisa que já repetí tantas vezes através dos anos que parece até um mantra) que o futebol americano é o mais democrático dos esportes pela variedade de biotipos que compõe um time.

Numa época pré-internet, apenas uma carta de telespectador foi recebida (ou ao menos para nós revelada pela chefia), e era uma carta indignada com a nossa transmissão. Dizia que nós parecíamos dois turistas vendo o jogo e transmitindo. Revendo o tape alguns anos depois, admito que o telespectador tinha toda a razão.

Mas eu havia me apaixonado pelo esporte e estava determinado aprender o máximo. E o melhor é que é uma aprendizado ilimitado e divertido. Já aprendí muito e sempre aprendo mais detalhes.

- Por que o esporte enfrentou e ainda enfrenta problemas de aceitação junto ao público brasileiro?


Esta é uma pergunta que para mim é difícil responder já que só posso me basear no público que se comunica comigo através da internet, que evidentemente é um público que gosta de futebol americano e em minhas próprias conjeturas. É claro que os jogos da NFL transmitidos ao vivo pela ESPN passam muito tarde devido a diferença do fuso horário, e isto é inevitável. Reprises são episódicas e na maioria dos anos sequer aconteceram. A Band Sports tem direitos para jogos vespertinos nos Estados Unidos e de exibição em horário mais conveniente no Brasil. Os jogos universitários, tantos de alta qualidade, nunca tiveram uma programação regular.É provável que outros canais entrem mais cedo ou mais tarde no mercado e isto beneficiará o esporte. Mas eu creio que a aceitação que mais falta ao futebol americano é a da própria mídia, e não do público. E muito desta falta de aceitação é pela resistencia à diversidade de esportes que advém do próprio conhecimento limitado de muitos responsáveis pelas diretrizes dos canais, focados ao quase exclusivamente no futebol. Quando você só sabe cantar um samba de uma nota só, é difícil estar aberto para outros rítmos e para o futebol americano, o hóquei, e outros esportes que exigem pesquisa e trabalho. Mas o público aceita e gosta se a transmissão for rica, e se a veiculação for boa.

- Quais são as maiores dificuldades para que o futebol americano tenha ainda mais público no Brasil?

Os tempos mudaram desde que Charles Miller trouxe o futebol da Inglaterra para o Brasil, mas o que mais populariza um esporte ainda é a sua prática. Um bom exemplo disto são os esportes radicais. Quando a ESPN lançou os X-Games em 1995 (ainda com o nome Extreme Games) eu os narrava com um rodízio de colegas que fugiam deles como uma total perda de tempo. Eu já era o “maluco que gosta de narrar NHL mesmo na madrugada” e ví no X-Games uma nova possibilidade de diversidade.Só quando Luciana Quaresma entrou para o time que as nossas transmissões encontraram equilíbrio. No entanto, imediatamente muitos dos esportes atraíram atletas brasileiros, que logo brilharam como Ferrugem, Bob Burnquist, a Fabíola e outros.

O futebol americano vem sendo praticado por mais e mais pessoas em todo o Brasil. Desde o pioneirismo do Carioca Bowl, e da Liga Flag de São Paulo, o esporte cresceu do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Ele se fortalece e tem ligas em vários estados. Quando se pensaria num Sul Bowl? E num Pantanal Bowl?

Uma das grandes dificuldades é a insistência do governo em taxar a importação de capacetes e do resto do equipamento necessário para o desenvolvimento do jogo, mesmo quando esta importação não é para fins comerciais. Acredito que se mais bolas ovais fossem disponíveis nas lojas veríamos mais pessoas brincando com elas.

E com mais jogos nacionais, o futebol americano não só se popularizará mais via televisão, mas estará no cardápio dos esportes que o brasileiro gosta de assistir e torcer. Espero ter ainda a oportunidade de contribuir mais para isto.

- Qual o papel da imprensa no crescimento do esporte no Brasil?

Abrir mais espaço. E de melhor qualidade. Na semana do Super Bowl, já há anos existe algum espaço. Eu mesmo tive o prazer de contribuir várias vezes com artigos grandes para O Globo e, este ano, para o Lancenet. Mas já há uma nova geração de jornalistas que cresceu assistindo futebol americano. Há quem possa escrever e transmitir. Infelizmente, a maior parte do que se pública destaca ainda o exotismo e muitas vezes a violência, ou qualquer eventual escândalo de comportamento de jogadores americanos. O mais importante no futebol americano é a sua formidável variedade estratégica, e isto deve ser mais destacado. Igualmente, os jogos dos atuais campeonatos brasileiros merecem uma cobertura mais paulatina, ao menos com resultados nas resenhas esportivas.

- Você morou e trabalhou por muitos anos nos Estados Unidos. Quais as principais diferenças de linguagem/conteúdo que você vê entre as transmissões norte-americanas e aquelas que você fez para o público brasileiro?

As transmissões americanas tomam como ponto de partida que o telespectador conhece o jogo. Como os narradores e comentaristas tem sempre a oportunidade de privar com os jogadores e técnicos, e como eles transmitem dos estádios e tem recursos de produção e pesquisa que facilitam o trabalho (estatísticas fornecidas instantanêamente, etc.) eles “conversam” o jogo e o seu contexto entre eles enquanto informam o telespectador.

As que eu fiz para o público brasileiro se dividem em fases. A primeira, bastante linear e explicativa, enquanto em todas as fases eu procurava passar as emoções das melhores jogadas para um público emotivo como o nosso. Eu mesmo estava ainda aprendendo como fazer. Como já morava nos Estados Unidos, eu nunca tinha visto uma transmissão em português de futebol americano. O que o Luciano do Valle e Silvio Lancelotti fizeram antes eu não sabia como foi ou deixou de ser. O que o Ivan fazia ao meu lado era engraçado e popularesco, mas não era meu humor nem conceito.

Uma segunda fase começou a partir de 1996 quando comecei a acessar a internet e ter contato com o público. Entendí melhor o que agradava e o que podia ser enriquecido. E foi quando comecei a perceber que havia de fato uma audiência. Quando o meu parceiro passou a ser o Roberto Figueroa, que se focava mais no comentário de cada jogada, eu pude por mais em prática a maneira de narrar que meus instintos e o feedback que recebia ditavam.

E a terceira e última fase foi quando o Marco Alfaro se tornou meu parceiro. Ele gostava de pesquisar histórias paralelas sobre os times e os jogadores, e foi sempre um grande apoio nas minhas iniciativas para promover o que já estava acontecendo com a bola oval no Brasil. Creio que foi então também que passei a me referir ao futebol americano várias vezes como o “esporte da bola oval”, porque eu acho que o esporte em si extrapola a sua origem.


- O brasileiro já estaria pronto para absorver uma transmissão de futebol americano essencialmente técnica, sem as explicações básicas da regra do jogo?

Não. Não o grande público. Mas eu acho que estas explicações podem ser resumidas no objetivo do jogo, em poucas frases adicionadas durante a transmissão. Afinal, é o objetivo do ataque é chegar ao lado oposto do campo e isto é sempre feito correndo com a bola ou arremessando à distancia. O objetivo da defesa é impedir isto. Nosso público não é burro. Os detalhes e firulas podem ser aprendidas com o tempo, e gastar muito tempo com elas sempre é, na minha opinião, uma maneira de se repetir à cada jogo. E sendo realista, nenhuma transmissão brasileira pode ser essencialmente técnica, na medida que não me consta que nenhum de nós que jamais narramos ou comentamos para o telespectador brasileiro tenhamos a vivência do jogo, seja como jogadores profissionais ou técnicos.

- Qual a sua opinião sobre ferramentas como jogos eletrônicos para ajudar na difusão do esporte entre os jovens brasileiros?

Madden é uma ótima ferramenta. Quem joga se diverte.

- Você foi o criador da maior lista de discussão sobre futebol americano do Brasil, a Redzone. Conte como surgiu a idéia e qual a sua opinião sobre a multiplicação desses fóruns e de blogs/sites em língua portuguesa abordando o assunto.

Eu comecei a fazer uma home page para mim por hobby na Geocities. Era bem rudimentar. Era a Touchdown’s Home Page. Mas ela não era voltada para o futebol americano. TouchDown era meu nick no canal de IRC #Brasil-USA onde eu batia papo pra relaxar após um longo (ou curto) dia de trabalho. Nesta página eu colocava também os horários de jogos que ia narrar. Gostaria de ir além mas não tinha tempo. Uma vez recebí um email pedindo para ir ver uma página de futebol americano em português. Achei muito bem feita, Eu tinha estabelecido um domínio meu, www.touchdown.net, e tinha mais espaço do que poderia utilizar. Acabei convidando o autor daquela página, (que era um policial) Flávio Daemon, para transferir tudo para o meu domínio na boa. A página se chamava Redzone.

Uma tarde eu estava internetando e dei de cara com a Onelist (que depois foi absorvida pela Yahoo) que oferecia listas de discussões grátis. Fiz uma para o meu canal de bate papo #Brasil-USA e fiz uma que chamei de Redzone e coloquei link na página do Flávio. Isto foi logo antes do início da temporada de 1998 da NFL Convidamos uns fanáticos pela bola oval e em questão de semanas os participantes iniciais da Redzone já batiam em cinquenta fãs, que trocavam mensagens diárias. Eu divulgava a lista nos jogos e os fãns descobriam que não estavam sózinhos no amor pelo futebol americano.

A lista teve um momento difícil e uma cisão. Muitos achavam que ela deveria ser uma lista para entendedores da NFL. O meu ponto de vista era, e ainda é, o que está definido no convite: “Se você gosta de assistir a jogos da NFL ou pratica alguma modalidade de futebol americano (flag, beach etc...), junte-se à nós! O objetivo da lista é promover amizades e um bate-papo legal sobre esse esporte cada vez mais popular no Brasil. Um espaço onde os iniciantes são muito bem-vindos! O nosso assunto é a bola oval.” Mesmo tendo perdido alguns amigos nunca me arrependí de fazer pé firme na minha decisão. Muita coisa boa já aconteceu pela Redzone ser como é, e há uma equipe de moderadores que cuida carinhosamente do seu bom andamento. Ela continua sendo a maior lista brasileira com mais de 2200 membros.

Quanto à multiplicação das listas, fóruns e de blogs/sites em língua portuguesa abordando a bola oval, eu me sinto muito feliz e apoio sempre que tenho a oportunidade.

- Você acompanhou de perto o surgimento e o crescimento de iniciativas para a prática do futebol americano no Brasil. Conte-nos um pouco a respeito disso.

Mesmo sendo brasileiro naturalizado, em todos os anos em que trabalhei na ESPN International, creio ter sido a pessoa do meu grupo de colegas que mais levantou a bandeira do Brasil em todas as reuniões e oportunidades. Desde o primeiro dia até quando apaguei as luzes da cabine após o Pro-Bowl de 2006, nossa última transmissão de Bristol.

Quando tivemos um produtor de mentalidade aberta, aproveitei para organizar um encontro com o pessoal da Redzone de Sampa, num restaurante e mandamos gravar a turma assistindo um Monday Night Football no telão. Num momento que haviamos combinado, dei um alô no ar para a galera que reagiu. Isto e mais umas entrevistas entraram no ar durante o que acabou sendo o último jogo de Dan Marino, a derrota do Miami Dolphins por 62-7 para o Jacksonville Jaguars em janeiro de 2000.

Depois do Super Bowl fui para o Rio de férias. Foi a primeira vez que ví brasileiro com bola oval na mão ao vivo. Carioca Bowl. Praia de Copacabana. Apesar de uma chuva horrenda eu curtí muito. Foi muito emocionante para mim.

Em 2001, eu estava com o Roberto Figueroa em Tampa na semana do Super Bowl XXXV, e teve um evento para a mídia internacional. Após a introdução pelo Comissário Paul Tagliabue, a reunião foi conduzida pelo Vice Presidente Senior Doug Quinn. Vários jornalistas puxavam brasas pra suas sardinhas. Eu sussurei pro Roberto que eu ia me levantar e falar do Brasil. Ele deu força.

Me levantei, me identifiquei, e perguntei se a NFL sabia que no Brasil já se jogava futebol americano nas praias de Copacabana e que o flag estava cada vez mais popular em São Paulo, que haviam listas de discussão na internet, uma associação de fans e tudo isto espontâneo e sem nenhum apoio outro que as nossas citações nas transmissões. Doug Quinn recebeu muito bem a pergunta e me pediu para falar com o Jim depois da reunião, pedindo para ele levantar a mão e se identificar para mim.

O “Jim” em questão era o VP para a América Latina, James Echikson. Ele já havia visitado o Brasil com uma delegação e se encontrou com alguns jornalistas, foi ignorado por alguns canais de tb, e todos desencorajaram qualquer iniciativa. Impressionado com o Maracanã, chegou a pensar que espetáculo seria um jogo de NFL lá. De qualquer modo pediu para eu entrar em contato com ele quando estivessemos de volta a Nova York. Consegui com ele que a NFL oferecesse o troféu do seguinte Carioca Bowl, uma grande quantidade de equipamento de flag (que doeei para a Prefeitura de São Paulo, para um programa escolar), e várias bolas ovais que distribuí no Rio e em São Paulo, na minha seguinte viagem de férias.

Além disto, ofereci produzir, pro-bono, uma matéria no Rio e em São Paulo, sobre o futebol americano no Brasil destacando um Festival Esportivo no Mackenzie Tamboré e a entrega do Troféu NFL na final do Carioca Bowl. Esta matéria foi veiculada no programa “NFL Blast” e exibida em mais de 180 países.

Sempre noticiei resultados de jogos disputados no Brasil nas minhas transmissões, assim como a formação de novos times. Sempre me sentí na prazeirosa obrigação de espelhar para o público brasileiro o que estava acontecendo com a bola oval no país.

Minha última oportunidade de apoio pela televisão foi quando, em 2006, pedí ao Chris Berman para colocar tomadas da final do Carioca Bowl no “plays of the week” do seu Sportcenter de domingo, e ele o fez.

De tudo isto, meu maior prazer é ver que espontanêamente a bola oval não pára de crescer no Brasil. Assim como outros esportes menos tradicionais para o brasileiro. Eu acredito em diversidade em tudo.

- Você acredita que o esporte ainda será praticado "em larga escala" no Brasil? Por quê?

Eu acredito que teremos campeonatos estaduais, e até um campeonato nacional. O Brasil já participou ao menos do seu primeiro jogo internacional no Uruguai. “Larga escala” é um conceito de quantificação difícil. Larga escala no Brasil é só o futebol que o brasileiro joga maravilhosamente e só precisa de uma bola. Mas acho que a bola oval pode ter pelo menos um belo futuro como esporte amador. Vai depender mais da colaboração de quem está em posição de facilitar o seu crescimento mais do que da vontade de jogar dos seus praticantes. Esta já é grande.