Friday, December 23, 2011
Sunday, December 4, 2011
Um balancete pré-final da 3ª edição do Torneio Touchdown
Após uma temporada que incluiu 16 times (50% estreando em campeonato nacional), 3 de Santa Catarina, 3 do Paraná, 5 de São Paulo, 1 de Minas Gerais, 2 do Rio de Janeiro, 1 do Espírito Santo, e 1 de Brasília (DF), seis times se classificaram para os playoffs do Torneio Touchdown III.
Os catarinenses foram representados na pós-temporada pelo estreante Corupá Buffalos, os paranaenses pelo Ponta Grossa Phantoms, os paulistas pelo Corinthians Steamrollers, os cariocas pelo estreante Botafogo Mamutes e pelo vice-campeão do TTD 2010 Vasco da Gama Patriotas, e os capixabas novamente pelo Vila Velha Tritões, na busca de um bicampeonato.
Mas creio que tanto para o SP Sharks que disputou a última vaga com o Ribeirão Preto Challengers, que a conseguiu, como também para o ABC Corsários, Curitiba Hurricanes, Curitiba Predadores, Jaraguá Breakers, Palmeiras Locomotives, Santos Tsunami, Timbó Rhinos, Tubarões do Cerrado, e o Uberlândia Lobos foi também um ano de grandes passos e aprendizado.
Fizemos um campeonato que com seus altos e baixos, no campo e fora dele, chamou uma grande atenção para o futebol americano no Brasil. Mesmo cometendo erros aqui e ali, com um espírito de coletividade maior ou menor de cada time, seguimos em frente remando contra a maré quando necessário e achamos os melhores mares navegáveis.
O Torneio Touchdown tornou-se cada vez mais uma marca reconhecida pela mídia nacional e manteve a sua filosofia de imparcialidade e trabalho. Atraímos milhares de pessoas para nossos estádios, dezenas de milhares para nosso site, mas infinitamente menos do que o potencial que se pode vislumbrar.
Com um formato inédito e ousado, foram 44 jogos disputados entre 2 de julho e 26 de novembro de 2011. Acredito não ter havido nenhum negligenciado. No entanto, cada jogo foi uma lição para mim e acredito que para todos os envolvidos.
Uma associação com a LFT Marketing, formando a empresa Touchdown Promoção de Eventos Esportivos, pensando em melhores condições para este esporte tão caro foi feita acreditando no futuro do Torneio Touchdown e do futebol americano no Brasil. Mesmo assim os novos parceiros já mostraram as suas mangas e mostrarão mais do seu potencial de 11 de dezembro em diante.
Existem times sem Torneio Touchdown, e o Torneio Touchdown só existe com times. A soberania de cada equipe do TTD e fora dele sempre foi reconhecida. Ao mesmo tempo o comprometimento de cada time participando no TTD deve ser desenvolvido ainda mais para o progresso de cada um e de todos.
De qualquer modo, esta temporada de futebol americano no Brasil que viu a afirmação nordestina com o 1º campeonato da LINEFA, o 2º campeonato da LBFA, tantos amistosos e torneios regionais, os campeonatos estaduais, e o desenvolvimento do flag, vai culminar com o jogo entre o Corinthians Steamrollers e o Vila Velha Tritões no próximo domingo, decidindo um novo campeão ou um bicampeonato na 3ª edição do Torneio Touchdown.
Fica aqui o meu agradecimento para você que foi jogador, técnico, dirigente, árbitro, narrador, comentarista, digitou play by play, segurou pirulitos, placar, levou água, atendeu em ambulância, pintou campos, colaborou para o site, fotografou, escreveu no seu blog, no seu jornal, entrevistou para a sua televisão ou rádio, fez segurança em estádio, patrocinou, deu desconto, fabricou camisas ou equipamentos, facilitou estádios, deu caronas, deu bons conselhos, trouxe a bola de volta, fez contatos, digitou listas, fez estatísticas, dançou como cheerleader ou ginasta, tocou com sua banda, foi DJ, badalou no seu Facebook, Twiitter ou Orkut, acompanhou na internet, aplaudiu no estádio, e apoiou como pode e não fez nada para atrapalhar!
Espero encontrar muitos de vocês prestigiando o futebol americano no Brasil em 11 de dezembro de 2011, 17 horas, no Estádio Ícaro De Castro Mello (Ibirapuera).
A bola é sua!
André José Adler
Saturday, November 5, 2011
Carta aberta aos times do Torneio Touchdown III - 2011
Wednesday, July 13, 2011
Homenagem ao Emiliano Ribeiro
Marcos Manhães Marins, administrador de uma lista do pessoal do cinema brasileiro, fez uma postagem ontem da qual reproduzo um trecho:
“Chegou-nos a notícia de que o cineasta Emiliano Ribeiro foi
encontrado morto em sua casa.
Vamos aguardar que os amigos dêem mais detalhes tanto sobre
a sua carreira profissional, em homenagem, como de como
será a despedida. A princípio será cremado no Rio de Janeiro,
amanhã. Quem pode especificar essa cerimônia melhor?
A tragédia foi muito maior, porque Emiliano não tinha uma
doença aparente, e estava, junto com sua esposa, esperando
um filho. A empregada entrou hoje e viu a cena.
Morreu dormindo na cama, e sua esposa ao encontrá-lo entrou
em estado de choque, ficando ao seu lado por 48 horas, viva,
mas sem se alimentar ou beber nada. E ela falece também,
com o filho do casal dentro dela, a caminho do hospital,
por desidratação.”
Meu amigo Phydias Barbosa postou depois e eu mandei meu depoimento hoje. Creio que ambos falam por si só e aqui publico como homenagem:
Prefiro pensar que Emiliano partiu "Em busca do Tesouro"...
Conheci Emiliano Ribeiro em 1963, quando morávamos em Copacabana. Ele já era
meu herói desde muito tempo antes, pois eu era fã do programa da TV Tupi,
Guguta e Tião, do qual ele era um dos protagonistas.
Passamos a jogar longas partidas de xadrez e a sair pelos teatros do Rio
para descolar ingressos grátis nas noites de estréia para a "classe". Mas só
consegui meus primeiros "15 minutos" quando Guguta me apresentou a André
Adler (produtor) e Domingos de Oliveira (diretor), na peça Em Busca do
Tesouro, Teatro Jovem, Botafogo, 1964. O mesmo teatro que formaria toda uma
geração de atores e técnicos, no comando do genial Kleber Santos.
Comecei a trabalhar na peça, André Adler de "patrão". Vendia ingressos,
encaminhava as crianças e mamães às suas cadeiras, vendia balas e ajudava na
contra-regra.
Pelas mãos de Emiliano, comecei minha carreira artística em teatro e cinema.
Com ele, fiz meu primeiro trabalho em longa-metragem (Estranho Triângulo, de
Pedro Camargo, 1969). Mais tarde, com as idas e vindas dos EUA para "fazer
cinema no Brasil", trabalhamos juntos em Amores (1998), de Domingos de
Oliveira e em Condenado à Liberdade (1999), dirigido por ele aqui em
Brasília, onde me encontro de volta, no projeto de implantação da TV Pública
no Brasil. Nosso próximo trabalho juntos seria uma Oficina de Cinema na
Faculdade Salesiana de Macaé, agora em Agosto.
Como me despedir de um amigo de infância que se tornou companheiro, sócio,
colega de trabalho ao longo desses 47 anos? Desejando que ele encontre seu
tesouro no céu, ao lado de bons espíritos que encaminharão sua alma para
lugares mais amenos que o planeta Terra.
A gentil Kaká, sempre solícita e com uma ternura tão leve, também se foi.
Juntos, estarão agora em locais mais sublimes, ainda abraçados amorosamente
como na cena final encontrada em sua casa hoje pela manhã.
À Carlinha Dutra, filha do querido "Guguta", meus sentimentos e o desejo de
muita paz nessa hora. Estarei reforçando suas orações.
Phydias Barbosa
Raramente escrevo nesta lista pois estou afastado de cinema há muitos anos, Quando escrevo isto me lembro com prazer que faço uma pequena ressureição muito especial atuando no filme "O Carteiro! do meu
grande amigo Reginaldo Faria.
Mas em adição ao lindo depoimento do querido Phydias, eu quero
compartilhar um pouco do meu choque com o falecimento do Emiliano. Sou
cinco anos mais velho do que ele, o que era uma enormidade quando o
conhecí. Ele tinha 12 ou 13, já tinha sido Guguta na TV Rio, e
participou de algumas peças no "Grande Teatro" do Sergio Britto na TV
Tupi. Lembro de levá-lo pra casa, morador de Copacabana que eu também
era, e deixá-lo na Praça Sarah Kubitchek antes de prosseguir para a
Fiorentina ou a Gondola onde o papo com o pessoal continuava.
Poucos anos depois ele trabalhou com meu irmão Jorge em novelas na TV
Rio e foi um outro período de convivência. Isto antes do "Em Busca do
Tesouro" ao qual o Phydias se referiu, que custou a minha Lambretta
mas além de Emiliano, Ionita, Paulo Roberto Rocco (sim, o editor)
contracenei também com a nossa querida Leila Diniz que fez seu
primeiro trabalho como atriz. Todos com a carinhosa direção do
Domingos.
A fase cinema veio anos depois quando juntos, Emiliano e eu, fomos
assistentes de direção do Paulo Porto num filme que orgulhosamente
guardo no meu currículo: "Em Família".
Vivendo 30 anos fora do Brasil, e estando de volta no Rio há apenas 2
anos, recebí visita de Emiliano e esposa nesta casa que aluguei em
Vargem Grande. Almoçamos bem e lembramos muitas coisas e comparamos
histórias. Como muitos, ele estava surpreso com o meu envolvimento com
esportes, principalmente com futebol americano.
Os amigos que se vão não levam consigo as histórias dos bons
momentos. A dor é saber que os compartilhados chegaram à um fim.
A estranheza sinistra das circunstâncias do falecimento de Emiliano e
sua esposa é que me deixou insone e chocado. Cineasta, Emiliano
Ribeiro se foi e deixou um filme com sua ida.
Mas não serei eu que o escreverei. Apenas guardarei as nossas muitas histórias.
abraços para todos,
André José Adler
Sunday, June 26, 2011
O Doce Veneno das Aranhas da Bola Oval
“From: "manohooligan”
To: redzone@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, December 06, 2001 10:57 PM
Subject: [redzone] Time novo em Curitiba!
E ai, galera.
Primeiro vou me apresentar. Tenho 23 anos e podem me chamar de Mano, meu apelido desde pequeno (pelo amor de deus, não tem nada a ver com aquele mano do Tom Cavalcante). O primeiro jogo que assisti foi o SB XXVI de 1992, por isso tenho um carinho pelo Redskins. Mas torço mesmo pro DABEARS! Gosto da maioria dos times, pqe pra mim o football é lindo, nao importa jogado por quem. Mas odeio 2: Cowboys e Ravens. E odeio o Randy Moça tbem. Os torcedores do Vikings tem que tirar o cara, ele é um mongolão. Ele que vá jogar basquete, como declarou um tempo atrás.
Sou de Curitiba e em 25 de novembro desse ano (Eu, David, Marcio, Rafael, Julio, Zé, Paulo, Clark (the freak), Rodrigo, Wesley, Leandro, Daphnes e mais uns cabeças) fundamos um time aqui, o "Curitiba Brown Spiders". Jogamos american football com algumas regras diferentes. Quem for de Ctba da lista e quiser jogar conosco mande uma mensagem que a gente diz onde, quando, etc jogamos. Oh Adler, fala do nosso time nesse MNF, por favor. E parabéns pelo trabalho de expansão do football no Brasil.
Valeu pela oportunidade. Falou, Mano.”
Um time. Com nome e tudo mais! Claro que falei no MNF. Em 2003 vim ao Brasil de férias e dei um pulinho em Curitiba para encontrar com alguns amigos do meu canal de bate papo no IRC (que não tinha nada a ver com futebol americano) e aproveitei e convidei também o pessoal do Brown Spiders para uma churrascaria. Hoje, Leandro Molinari é o Presidente do time, outros se tornaram técnicos de times importantes como o David Pereira (Hurricanes) e o Ernani Valério (Istepôs).
Tempos depois, fui entrevistado (em espanhol!) no programa NFL Semanal da ESPN Internacional, aparecendo pela primeira vez num programa que semanalmente eu transmitia em português e era comandado pelo meu colega e amigo Alvaro Martin, grande especialista de futebol americano. Falei um pouco da incipiente bola oval no Brasil, e quando citei o Curitiba Brown Spiders ele gostou tanto do nome que imediatamente se declarou no ar como torcedor do time. Alvaro citou o Brown Spiders em diversos outros programas por conta própria.
Passagem de tempo. 2008 e depois de uns 3 anos sem vir ao Brasil me encontro sendo recebido no Aeroporto Afonso Pena pelo Nilo Tavares (então do Barigui Crocodiles e hoje do Brown Spiders, e levado para o Flamenguinho sendo pintado pelo pessoal do Croco e do Brown Spiders para o primeiro jogo completamente equipado do Brasil. Fico espantado de não ter arquibancadas, esperando uma revolta pública no dia seguinte. Nilo e Rodrigo Proença, me acalmam.
No dia seguinte lá estou, e orgulhosamente narro o jogo histórico, um marco não só para o Curitiba Brown Spiders e o Crocodiles, mas para o futebol americano no Brasil. O grande sucesso me animou tanto que sugeri depois, em reunião, uma futura criação do Torneio Touchdown. Desde então o esporte não parou mais de crescer.
O crescimento sempre tem as suas dores. O Brown Spiders, que só sabia ganhar, teve que aprender a lidar também com algumas derrotas. Com a lição, o time se reergueu e fez uma bela temporada em 2011, seu ano de 10º aniversário e chegou ao título de Vice Campeão Paranaense.
Prevejo e desejo ao Curitiba Brown Spiders muito sucesso. O time certamente já entrou na História do Futebol Americano no Brasil. E confio que deixará nos próximos anos mais marcas brilhantes ao ir tecendo a sua teia.
Happy Anniversary, Curitiba Brown Spiders! A bola é sua!
André José Adler
Tuesday, June 14, 2011
E é... Torneio Touchdown! Kickoff 2011
Enquanto os donos e os jogadores da NFL ainda estão discutindo quantos milhões de dólares ficam para quem e se fazem mesmo a temporada de 2011, os nossos times ABC Corsários, Botafogo Mamutes, Corinthians Steamrollers, Corupá Buffalos, Curitiba Hurricanes, Curitiba Predadores, Jaraguá Breakers, Palmeiras Locomotives, Ponta Grossa Phantoms, Ribeirão Preto Challengers, Santos Tsunami, Timbó Rhinos, Tubarões do Cerrado, Uberlândia Lobos, Vasco da Gama Patriotas, e o campeão de 2010 Vila Velha Tritões se preparam para o maior campeonato de futebol americano que já se fez no Brasil.
Com oito times em 2009, sete em 2010, este ano o Torneio Touchdown contará com 16 times, o que representa mais de 800 pessoas se dedicando ao esporte que poucos acreditavam que fosse decolar no país do futebol introduzido por Charles Miller em 1895. O futebol americano está crescendo rapidamente. Quem diria que em apenas em três anos tantos times estariam participando de campeonatos interestaduais estruturados?
A própria mídia já vai abandonando matérias comparativas (“E a bola é...oval!”) e se aprofundando neste jogo tão rico em estratégias e percebendo o que há além do dinâmico contato físico.
Times contam com torcidas, algumas vezes já organizadas. Nossos jogadores adoram o prestígio e o incentivo que recebem de um público cada vez maior e que cada vez se diverte mais com os nossos espetáculos esportivos.
4450 espectadores acompanharam no Estádio do Tupy em Vila Velha, ES, os jogos do Tritões em 2010. O time orgulhosamente os recompensou vencendo o campeonato num jogo histórico em Vila Belmiro, numa árdua disputa contra o Vasco da Gama Patriotas. Nada mais natural e adequado do que começar o campeonato este ano naquela cidade que tanto apóia o seu time e o futebol americano.
Espírito Santo, Minas Gerais, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e Santa Catarina terão este ano a oportunidade de acompanhar os jogos destas 16 equipes que não medirão seus esforços físicos, táticos e financeiros para disputar jogos de qualidade que ofereçam entretenimento para o público. Serão 45 jogos até a final, 45 oportunidades de levar para milhares de pessoas a oportunidade de acompanhar ao vivo o que antes só se via pela televisão em partidas nos Estados Unidos.
Continuando com a mesma filosofia de imparcialidade, temos uma tabela que dá chances tanto para os times mais experientes como para os mais novos. Um formato novo, no qual nenhum confronto se repetirá na temporada na qual cada time jogará contra 5 adversários.
E certamente aprenderemos mais, como aprendemos nos 2 anos anteriores, fazendo com que o futebol americano cresça em qualidade e atraindo mais investimento para que os times possam crescer.
Ainda estamos longe de discussões entre organizadores e jogadores para a partilha de milhões de dólares, como na NFL, mas a popularidade do esporte tende à crescer mais rapidamente do que se poderia imaginar.
Como disse Bill LeMonnier em Guarulhos este mês: “O futebol americano é o mais complexo dos esportes”. E por ser o mais complexo, é rico. E muito divertido!
Tabela do Torneio Touchdown
Tuesday, June 7, 2011
Os Guardiões do Futebol Americano
Foi emocionante ver representantes de Belém, Brasília, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina priorizando o aprendizado e refinamento dos seus conhecimentos sobre as regras e a maneira de empregá-las.Estas cerca de 50 pessoas tornaram-se muito especiais e merecedoras do meu maior respeito e apreciação. Estou certo que poderão compartilhar muito em suas cidades, elevando o nível da arbitragem dos jogos brasileiros. Os que poderiam ter tido a oportunidade de estar lá e não foram perderam uma chance maior que possam imaginar.
Foi também um prazer trabalhar novamente em parceria com o Flávio Cardia e o incansável Mario Lewandowski. Juntos, organizamos o primeiro campeonato brasileiro de futebol americano, o Torneio Touchdown em 2009, e hoje eles como Diretor Executivo e Diretor de Marketing da AFAB e eu na gestão do TTD estivemos novamente unidos em prol de um objetivo para beneficiar o progresso da bola oval brasileira. E desta vez sem falta de luz interrompendo...
Rever o pessoal do São Paulo Storm, que eu não via desde o Torneio Touchdown 2009, e o pessoal do São Paulo Spartans que eu não encontrava desde o TTD 2010 foi também um grande prazer e sou muito grato à eles pela participação no jogo-aula.
Além de tudo, foi uma experiência (e um desafio) muito divertida servir de intérprete do Bill (obrigado Dan Muller pelo apoio). Aprendi mais sobre detalhes de regras do que em quase 19 anos narrando, comentando, escrevendo, entrevistando jogadores e técnicos, e produzindo programas de futebol americano. Aviso que tenho também o meu Cerificado de Conclusão assinado oficialmente pelo Flávio Cardia, pela AFAB e pelo Bill LeMonnier, como USA Football Rules Committee Chairman. Mas não se preocupem. A possibilidade de me verem apitando um jogo é tão grande quanto à de o Steve Young voltar como QB do San Francisco 49ers e ganhar o Super Bowl...
Outro prazer foi conhecer o Karl, da KG Esportes que patrocinou o evento, tornando possível a presença de muita gente que gastou bem mais em viagens do que a inscrição nada exorbitante de 80 reais para a participação nos dois dias da clínica. Muitos KGs de agradecimentos para o Karl, uma pessoa que fala olhando nos olhos como eu gosto.
Oferecemos ao Bill LeMonnier uma placa de agradecimento: “Our appreciation for being a part of the American Football experience in Brazil and helping it take another step forward.” (Nossa apreciação por ser parte da experiência do futebol americano no Brasil, ajudando-o à dar mais um passo à frente). Acho que ele não esperava por esta, mas certamente poderia esperar mais do que eu quando estava traduzindo já no final da parte no auditório do Centro Adamastor (cedido pela Prefeitura de Guarulhos) o seu comentário sobre uma moeda de jogo numerada da sua coleção particular. Uma moeda do “Arch Rivalry” (assim chamada pelo jogo entre as universidades de Illinois e Michigan disputado em 2010 em St. Louis, Missouri famosa pelo seu arco). E em seguida me agraciou com a medalha. Não, não consegui disfarçar lágrimas. Será usada em 2 de julho no Kickoff do Torneio Touchdown III em Vila Velha.
Mas uma coisa não será esquecida por ninguém. Quando Bill concluiu os trabalhos dizendo: “Somos jogadores, técnicos e árbitros. Nós somos acima de tudo os Guardiões do Esporte”.
Friday, May 13, 2011
Pra quem gosta de futebol americano isto dá água na boca!
Vou aproveitar o tempo até junho para assistir e fazer um trabalho melhor de intérprete para o Bill na Clínica.
“Ter a oportunidade de conduzir uma clínica de arbitragem no Brasil é uma experiência que espero que outros árbitros venham à ter nos próximos anos. Fui abençoado com algumas grandes experiências na NCAA: Michigan/OSU, Texas/OSU, Boise St./Oklahoma, & Oregon/Auburn, além de jogos e clínicas internacionais no Japão, Austrália, Áustria, África, Grã Bretanha, Panamá & México. Sem dúvidas, o Brasil vai estar alto no ranking junto com todas estas”,são palavras de Bill LeMonnier, aposentado como administrador escolar da área de Chicago, que é árbitro de futebol americano desde 1973, sendo que da Big Tem Conference nos últimos 18 anos.
LeMonnier é casado com Barbara há 36 anos e tem 3 filhos adultos, Danielle, Jackie, e David, e tem dois dos “netos mais legais do mundo”, Morgan [3 anos] e Josh [1].
Um homem de família apaixonado pelo que faz. Já liguei para ele cedo de manhã e até pedi desculpas, mas ele já estava imerso em futebol americano. Dá ultima vez que liguei e não o encontrei ele se desculpou dizendo que teve que ir numa reunião da Big Ten.
“Temos um ótimo programa de tópicos de arbitragem planejado para a clínica, na esperança de elevar os árbitros brasileiros ao mais alto nível. Aguardo o prazer de fazer parte da experiência brasileira de futebol americano, e compartilhar esta oportunidade única de fazer novos amigos e visitar o seu país”, Bill me escreveu recentemente.
Espero que todos os nossos leitores e amigos que realmente entendem o momento deste nosso novo esporte, que levam a sério a evolução pessoal e dos seus times, percebam a oportunidade excepcional e não a percam.
Como disse um expoente do futebol americano brasileiro: “Reclamar de arbitragem no Orkut é puro vacilo!” É melhor que os jogadores saibam mais, evitem mais faltas e ajudem seus times.
É melhor mandar um email agora para contato@afabonline.com.br e pedir sua inscrição. Os dois dias custam apenas oitenta reais e nenhum jogo (ao menos do Torneio Touchdown) pagará menos de setenta reais por árbitro. E a AFAB entregará certificados aos participantes que certamente os valorizarão na hora de escolhas.
Aqui está o cardápio. É de dar água na boca...
Cronograma da Clínica:
Sábado, 04 de junho
Teatro Adamastor (Avenida Monteiro Lobato, 734, Macedo, Guarulhos, SP, 07112-000)
10:00 – 10:30 Credenciamento
10:30 – 10:45 Apresentação e Introdução - André José Adler
10:45 – 11:45 Filosofia Profissionalismo Segurança - Bill LeMonnier
11:45 – 12:00 Pausa
12:00 – 13:00 Touchdown Touchback Safety - Bill LeMonnier
13:00 – 14:00 Almoço
14:00 – 16:00 Pass Interference Fumble vs. Down Holding -Bill LeMonnier
16:00 – 16:15 Pausa
16:15 – 18:00 Mecânica Geral Catch vs. No-Catch Dúvidas em Geral - Bill LeMonnier
Domingo, 05 de junho
Teatro Adamastor (Avenida Monteiro Lobato, 734, Macedo, Guarulhos, SP, 07112-000)
09:00 – 09:15 Informações Gerais - André José Adler
09:15 – 10:45 Free & Scrimmage Kicks Forward Progress - Bill LeMonnier
10:45 – 11:00 Pausa
11:00 – 12:00 Dúvidas em Geral - Bill LeMonnier
12:00 – 13:00 Almoço
Domingo, 05 de junho
Campo da Ponte Grande, Próximo ao parque ecológico do Tietê)
13:00 – 16:00 Trabalho em campo- Bill LeMonnier
16:00 – 16:30 Entrega dos Certificados - Flávio Cardia
Monday, May 2, 2011
Friday, April 29, 2011
Bill LeMonnier, O promissor futuro da arbitragem do futebol americano nacional!
Mais um passo para a segurança e a qualidade do futebol americano no Brasil: Bill LeMonnier, Consultor de Arbitragem da USA Football, grupo chancelado pela NFL Youth Foundation, virá conduzir Clínica Internacional de Regras e Arbitragem de Futebol Americano em São Paulo.
“A formação e qualificação dos árbitros brasileiros são tão importantes quanto qualquer instrumento que possa ajudar no atual crescimento do FA Nacional", disse Jayson Braga, amante de futebol americano que há muitos anos é um dos moderadores da Lista Redzone, a maior e mais antiga lista de discussão sobre este esporte no país, e que cativado pela prática dele no Brasil criou o blog Sideline Brasil que é dedicado exclusivamente ao futebol americano jogado aqui.
André José Adler que por 14 anos no microfone da ESPN International incentivou os movimentos de introdução do futebol americano no Brasil, conseguindo inclusive o reconhecimento da NFL que doou bolas e flags e até mesmo um troféu da liga profissional americana para o Carioca Bowl em 2001, teve a oportunidade de observar e participar mais de perto o dia a dia da liga húngara, a MAFL, produzindo e apresentando o seu programa “Touchdown” no Canal Sportklub nas temporadas de 2007 e 2008, ano em que veio ao Brasil e narrou em Curitiba o histórico jogo equipado entre o Brown Spiders e o Crocodiles. Impressionado, sugeriu o Torneio Touchdown, um campeonato interestadual para quando houvesse times equipados para isto.
Flávio Cardia e Mario Lewandowski deram andamento e convidaram Adler para Conselheiro do Grupo Gestor do pioneiro campeonato em 2009. Desde 2010, como diretor e organizador do torneio, Adler observou: “Sempre me preocupou o pouco conhecimento de regras por parte de jogadores, que na maioria dos casos aprendem o esporte vendo a NFL na TV ou jogando Madden, e que alonga os jogos desnecessariamente e cria confusões, uma vez que a maior parte dos árbitros brasileiros são jogadores eles mesmos. A arbitragem é uma função que merece cuidado e prestígio, tanto que na final do TTD em dezembro passado homenageamos a equipe com placas comemorativas pela primeira vez no Brasil”.
Esta preocupação resultou no convite para Bill LeMonnier vir conduzir uma Clínica Internacional de Regras e Arbitragem de Futebol Americano. A recomendação surgiu de uma conversa com Viktor Jánvári, árbitro da MAFL (Liga da Hungria), que assistiu uma das clínicas do famoso referee na Áustria.
"Precisamos de um intercâmbio com um árbitro experiente para que a arbitragem cresça na mesma proporção que o esporte no país, esse evento será um divisor de águas para a qualificação de árbitros, para que os jogos tenham, cada vez mais, atratividade para o público." , diz Alysson Luiz, representando o ponto de vista do nordeste como Presidente da ANEFA e da LINEFA, que fará este ano o primeiro campeonato interestadual nordestino equipado.
Na ficha de Bill LeMonnier consta: Big Ten Conference - 1994-Presente, Arena Football Referee - 2000-2008, 14 Bowls, inclusive o BCS Championship 2011, Fiesta Bowl [4x] and Orange Bowl [2x], All-American Football Foundation's "Butch Lambert Award 2004”, CFO "Tom Quinn Award 2009”, COA Hall of Fame 2009, "Premio de Contribuição Extraordinária para o Football Amador 2011” da National Football Foundation.
Bill, estava de saída para o aeroporto indo para o Japão, para conduzir 4 clínicas e apitar o Global Challenge Bowl, quando foi feito o primeiro contato para uma clínica no Brasil, que segundo Jean Pierre, Diretor de Arbitragem da AFAB, será uma "oportunidade única para todos os que amam o Futebol Americano, sejam árbitros, atletas ou dirigentes, Um árbitro com a bagagem do Bill tem muito a ensinar e precisamos disso no momento. A importância histórica desta clinica deixara um legado não apenas para a arbitragem, mas para a comunidade toda do Futebol Americano, sendo um divisor de eras entre passado amador e um promissor futuro da arbitragem nacional."
A AFAB (Associação de Futebol Americano do Brasil) abraçou imediatamente a idéia e o projeto, através do seu novo Diretor Executivo Flávio Cardia, pois a clínica ajusta-se perfeitamente com seus planos de desenvolvimento: "Esta clínica representa o início de um trabalho para melhorarmos um ponto essencial do Futebol Americano no Brasil: a arbitragem."
Estratégicamente a cidade escolhida para a clínica foi São Paulo, com o apoio imediato da LPFA cujo Presidente Daniel Miura diz: "Receber um evento de tamanha relevância em São Paulo é de grande valia, pois vai de encontro à prioridade com que tratamos o assunto no estado."
Do nordeste ao sul a motivação para a participação dos atuais árbitros, dos novos candidatos, e dos próprios jogadores querendo expandir o seu conhecimento das regras do esporte é grande: “Aqui no Brasil, por não contarmos ainda com a grandeza de recursos tecnológicos, como nos EUA, o conhecimento das regras e a visualização das jogadas pelos árbitros é de extrema importância.”, diz Alexandre Baptista, Presidente da FCFA, a federação catarinense.
O evento, que conta com o apoio da KG Esportes, será realizado em 4 e 5 de junho, no Auditório Paço Municipal - Sede Prefeitura de Guarulhos, Av. Bom Clima, 90 - Bom Clima - Guarulhos, SP e a parte prática no domingo será no Complexo Esportivo "Arnaldo José Celeste" Ponte Grande, Rua Domingos Fanganiello, 315 - Ponte Grande – também em Guarulhos, e entre os temas abordados estarão: Segurança de Jogadores, Filosofia e Axiomas, Profissionalismo, Touchdown, Touchback, Safety, Pass Interference, Fumble vs. Down, Holding. Mecânica Geral, Free & Scrimmage Kicks. No dia 5, a aula será prática com scrimmage em campo. André José Adler será o intérprete principal de Bill LeMonnier durante a clínica.
Marcelo Sampaio, Diretor de Arbitragem do Torneio Touchdown, e um dos poucos árbitros não ligados a times no país, conclui: "Não adianta conhecer as regras sem saber como aplicá-las. Ninguém melhor do que um árbitro como o Bill para nos ensinar isso."
As inscrições podem ser feitas através do email contato@afabonline.com.br e o custo será de R$ 80,00. Após a inscrição cada um receberá o número da conta da AFAB para o depósito que a garantirá. Depósito devem ser eftuados em 5 dias para garantir a inscrição. Haverá um limite de vagas.
Monday, April 4, 2011
Clínica Internacional de Regras e Arbitragem de Futebol Americano.
E é isto que fará Bill Lemonnier, referee da Big 10 Conference e da antiga Arena Football League, com uma Clínica de Arbitragem e Jogo-Aula para árbitros brasileiros presentes e futuros, e tirando muitas dúvidas também dos nossos jogadores.
Na sua ficha consta: Big Ten Conference - 1994-Presente, Arena Football Referee - 2000-2008, 14 Bowls, inclusive o BCS Championship 2011, Fiesta Bowl [4x] and Orange Bowl [2x], All-American Football Foundation's "Butch Lambert Award 2004”, CFO "Tom Quinn Award 2009” , COA Hall of Fame 2009, "Premio de Contribuição Extraordinária para o Football Amador 2011” da National Football Foundation.
Cheguei ao Bill por recomendação do Viktor Jánvári, árbitro da MAFL (Liga da Hungria), que assistiu uma das clínicas do Mr. Lemonnier na Austria e me falou muito bem de seus métodos. Quando entrei em contato pela primeira vez, ele me respondeu de saída para o aeroporto indo pra o Japão, para conduzir 4 clínicas e apitar o Global Challenge Bowl.
Conversamos depois, por email e por telefone, e ele conseguiu reservar na sua apertada agenda as datas de 4 e 5 de junho para o Brasil. Certamente, com os estaduais em andamento ainda, muitos terão que se privar desta oportunidade. Mas quem puder participar da clínica... Não vale a pena perder!
Logisticamente a cidade escolhida foi São Paulo, até mesmo porque facilita para vários estados e fica mais fácil para Bill Lemonnier chegar e ir embora.
As entidades do FA no BR já estão conversando para estudar o maior e melhor aproveitamento e apoio, que será devidamente anunciado assim como o custo de participação.
Quem estiver interessado e quiser receber mais informações assim que disponíveis, pode mandar um email para contato@touchdown.net com o tópico Clínica de Arbitragem, e seu email será respondido ou encaminhado adequadamente.
André José Adler
Monday, March 28, 2011
Contando Histórias Antigas e do Momento
- Falando de NFL, qual foi sua sensação ao transmitir o primeiro jogo? O quanto você já entendia do jogo nesse momento?
Eu me preparei, o pouco que pude, para a minha primeira transmissão em 1992 e confesso não lembrar qual foi o jogo. Acho que a sensação foi uma mistura de alívio por ter terminado, e de incompetência. Por outro lado percebi certa magia neste esporte e isto me incentivou e eu me determinei a aprender a transmitir.
- E a experiência de um Super Bowl? Como é estar narrando o jogo ao vivo do estádio?
Boa pergunta, e terá uma longa resposta. De 8 Super Bowls que narrei, 3 foram do estádio. O primeiro foi em 31 de janeiro de 1993, o Super Bowl XXVII, em Pasadena, Califórnia. A semana foi mágica, toda a preparação, coquetel para a imprensa internacional com direito a papinho com Joe Namath, e outros grandes astros do esporte. Me senti um menino num parque de diversões. Em coletiva, ousei levantar a voz e fazer uma pergunta ao Marv Levy, então técnico do Buffalo Bills e hoje membro do Pro Football Hall of Fame. Era num auditório enorme e as perguntas estavam sendo feitas por jornalistas altamente especializados. Perguntei como ele explicaria para o brasileiro, acostumado com o futebol da bola redonda, a beleza do esporte do futebol americano. Antes de responder, ele me agradeceu dizendo que foi a primeira pergunta que não foi repetição do que haviam perguntado à ele durante toda a semana. Isso tirou risadas e aplausos e eu me senti com a maior moral. Ele gostou da pergunta e eu também, pois a repeti através dos anos para vários técnicos e jogadores da NFL.
O jogo em si foi uma lavada de 52-17 do Dallas Cowboys sobre o Bills. Com um público de quase 100 mil pessoas, me senti privilegiado em estar presente. Confesso que tanto eu quanto o meu parceiro Ivan Zimmermann aprendemos um bocado depois. Uma carta de telespectador que chegou à ESPN nos caracterizava como dois turistas narrando o Super Bowl, e provavelmente a definição foi absolutamente certa.
Mas além de curtir no Rose Bowl o show do intervalo com Michael Jackson, no ápice de sua carreira, a lembrança que mais me marcou foi ver o RB Emmit Smith ao vivo. Lembro que o comparei à um carro manual que sai de uma primeira e engata logo uma quinta sem passar pelas outras marchas. Eletrizante! Hoje, aposentado e já no Hall da Fama, ainda mantém o recorde de jardas corridas na NFL com 18355 percorridas. São mais de 16 mil kms em campos de futebol americano
Depois deste, narrei dos estúdios em Bristol, o SuperBowl XXIX (San Francisco 49ers 49–26 San Diego Chargers), o Super Bowl XXX (Dallas Cowboys 27-17 Pittsburgh Steelers) e finalmente em 30 de janeiro de 2000 voltei ao grande palco, desta vez com Roberto Figueroa, para narrar o Super Bowl XXXIV direto do Georgia Dome em Atlanta, Georgia. Ótima maneira de começar o século 21. Fomos às coletivas nos hotéis, gravamos promos a semana toda, e no dia do jogo estávamos bem preparados. Ray Charles, um dos ídolos da minha adolescência cantando na abertura foi um toque especial. A estrutura oferecida é fenomenal. Estatísticas sempre atualizadas num monitor ajudavam a gente a colorir a transmissão. Mas o melhor mesmo foi o jogo. Kurt Warner, que era o QB do St. Louis Rams dando show, a defesa do Tennessee Titans segurando bem no 1º tempo, até que depois do intervalo pegou fogo o duelo.
E quanta emoção no finalzinho! Com o Rams liderando por 23-16 no placar, o Titans chegou na linha de 10 jardas do rival com 6 segundos para o final, e o WR Kevin Dyson poderia empatar mas recebeu um tackle do LB Mike Jones do Rams e ficou à uma jarda da endzone. Que emoção! Certamente um dos melhores jogos que já narrei, e sem dúvida o mais emocionante Super Bowl.
No ano seguinte, Figueroa e eu fomos para a Flórida, para narrar o Super Bowl XXXV diretamente do Raymond James Stadium, em Tampa. Novamente a vibrante movimentação do Media Day, as conversas com jogadores e Tiki Barber me contando que jogou um pouco de futebol na escola, mas o evento extra jogo mais marcante para mim foi sem dúvida uma conferência para a mídia internacional aberta pelo Comissário Paul Tagliabue, e conduzida pelo então Vice Presidente da NFL Internacional Doug Quinn.
Vários países estavam sendo comentados e eu cochichei para o Roberto que eu ia falar em Brasil. Ele deu moral, e eu me apresentei e informei aos presentes que a NFL era discutida na Lista Redzone na internet, que tinha mais de 200 membros (fundei a lista em 1998 e hoje tem quase 2600 membros), e que se jogava futebol americano nas praias cariocas e flag em São Paulo. O nome Carioca Bowl teve logo um impacto e o Mr. Quinn lá mesmo me colocou em contato com o representante da NFL para o México. Como resultado disto vim meses depois ao Brasil, trazendo dezenas de bolas e flags que distribui no Rio e em São Paulo, um troféu oferecido pela NFL para o campeão do Carioca Bowl, e produzi para a NFL Films uma reportagem exibida em cerca de 180 países (http://www.youtube.com/watch?v=fE2MfSGw-Fo).
O jogo em si, entre o New York Giants e o Baltimore Ravens foi muito fraco. O Giants estava péssimo e a defesa do Ravens, comandada pelo Ray Lewis estava ótima. Mas a emoção e vibração de Super Bowl estava presente. O Ravens ganhou fácil por 34–7 e no dia seguinte fui para Orlando curtir um pouco na Disneyworld.
Aquele acabaria sendo o último Super Bowl que narraria de um estádio. Narrei ainda os Super Bowls XXXVII (Tampa Bay Buccaneers 48–21 Oakland Raiders ), XXXVIII (New England Patriots 32–29 Carolina Panthers ) e no Super Bowl XXXIX fui para Jacksonville e passei a semana gravando matérias para a ESPN Brasil, mas como naquele ano os direitos eram de outra rede tive que me contentar em ser espectador da vitória do New England Patriots por 24–21 sobre o Philadelphia Eagles no Alltel Stadium.
Mais estranho para mim foi o último que narrei, o Super Bowl XL. Passei a semana toda em Detroit, fazendo matérias e entrevistando Ben Roethlisberger, Hines Ward, Jerome Bettis, Bill Cowher, Mike Holmgren, muitos outros jogadores, e até Mick Jagger (tem isto no youtube), mas no sábado tive que voar de volta para Connecticut para narrar, ao lado de Marco Alfaro, a vitória do Pittsburgh Steelers por 21–10 sobre o Seattle Seahawks. A ESPN não havia reservado cabine no Ford Field para a narração para o Brasil. Confesso que foi frustrante, mas valeu porque deu para enriquecer a transmissão assim mesmo.
- Agora proponho um bom exercício de imaginação. Você acha que se Peyton Manning e Tom Brady tivessem jogado na década de 70 e 80, o que jogam hoje. E atualmente tivéssemos Dan Marino, Joe Montana jogando o que jogaram no passado, a comparação entre eles seria feita de forma diferente?
Eu não os comparo. Manning já passou Montana em estatísticas de passe, mas não passou Marino, que dos quatro citados é o único que não ganhou um Super Bowl. Brady joga com uma estrutura montada privilegiadamente para ele, e mesmo sendo ótimo perde em criatividade. Comparar como? Por números ou pela arte da performance esportiva de cada um?
- Como sua experiência anterior na TV ajudou na hora de se tornar narrador?
Foi fundamental. Eu nunca fui atleta e não vinha de um background de ávido fan de esportes. Comecei usando as técnicas de televisão e teatro que aprendi desde menino quando comecei como ator na TV Tupi do Rio de Janeiro. Acho que criei o personagem “locutor esportivo” baseado nisso. Depois, ao descobrir cada vez mais o que há de fascinante numa imensa variedade de esportes, “virei” o personagem.
- Ainda sobre o assunto, qual a melhor história dos tempos de ator?
Para quem trabalhou ainda adolescente com grandes damas do teatro brasileiro como Alda Garrido, Dulcina de Moraes e Fernanda Montenegro, e depois fez teatro político com o Teatro de Arena de São Paulo e o Grupo Opinião, e anos depois em Nova York off-off Broadway fica difícil escolher pois são tantas. Então escolho a mais recente. Ano passado fiz um personagem, o chefe do correio, no filme “O Carteiro” dirigido pelo Reginaldo Faria, filmado em Vale Vêneto no RS, e que vai ser lançado este ano. Reginaldo é meu melhor amigo. Escrevi com ele o roteiro do primeiro filme que dirigiu, “Os Paqueras”, em 1969. Há uma cena em que contraceno com dois de seus três filhos, o Marcelo (que conheci no dia em que nasceu) e o Candé que faz o papel-título. A primeira cena que filmei é uma que vai aparecer lá pelo fim do filme e na qual eu sou interrogado pelo Delegado, personagem do Marcelo. Foi realmente um lance muito louco me abster dos laços pessoais e me concentrar (ainda mais que há umas 3 décadas não trabalhava como ator). Mas deu pé e a cena ficou muito legal.
- Como também atuou em outras áreas, como diretor e roteirista, entre outros, você já pensou na possibilidade de gravar um filme sobre o desenvolvimento do futebol americano no Brasil?
Já sim. Pensei até em fazer um documentário tipo “making of” do Torneio Touchdown. Mas como eu estou organizando ele nem teria esta opção. Para falar a verdade pensei até em escrever um musical usando o futebol americano como tema. Coreografia com full pads e capacetes ficaria muito bacana, né?
- De todas as entrevistas e reportagens que você fez ao longo de sua carreira, qual foi a melhor em sua opinião? E por que?
Sem dúvida foi a matéria sobre o grande jogador húngaro Ferenc Puskas exibida no Futebol no Mundo, da ESPN Brasil em 2006. Com depoimentos exclusivos do ex-goleiro da Seleção de Ouro da Hungria Gyula Grosics, e do ex-zagueiro Jenö Buzánsky.
Foi logo que o Puskas foi para o hospital. Antes de Pelé ele foi o primeiro grande jogador reconhecido no mundo todo e ídolo da minha infância. O treinador daquela seleção, Gyula Mándi, que trabalhava com o técnico Gusztáv Sebes naquele time que entrou para a história do futebol como os “Magníficos Magiares”, foi técnico do América em 1958, e era amigo do meu pai. Jantava duas, três vezes por semana lá em casa. Com isto consegui altos papos com o Grosics e o Buzánski, maiores que caberiam na matéria. Gravamos tudo em um dia que parecia ter 48 horas. Começando com a entrevista do Grosics num hotel em Buda, na porta do hospital onde o Puskas estava internado, na casa do Buzánsky em Dombóvár, uma cidadezinha que fica a 50 kms de Budapest, e depois de volta para gravar no Népstadion, renomeado em 2002 como Estádio Ferenc Puskas em Pest, e depois à beira do Rio Danúbio novamente em Buda. A matéria está no youtube em http://www.youtube.com/watch?v=UWh7XgeHBPc . Algum tempo depois caberia à mim informar ao vivo pelo telefone o falecimento do grande jogador no “Bate Bola”.
- Nas transmissões você sempre foi muito correto, e nunca torceu por ninguém. Já hoje em dia, você revela seu time numa boa? Qual time é? E por que você torce por ele?
Em 1994 eu tive a intuição que o Brasil iria ganhar a Copa do Mundo, que o New York Rangers iria ganhar a Copa Stanley depois de 54 anos, e que o San Francisco 49ers iria vencer o Super Bowl. Declarei isto na redação e fui até mal visto por vários colegas, pois fora a Copa, os outros dois palpites pareciam absurdos. Narrei a Stanley com a vitória do Rangers, e depois o Super Bowl e a vitória do Niners. Steve Young foi um QB fenomenal, um prazer de ver jogar com a sua liderança, presença de espírito e variedade de habilidades. Passando para Jerry Rice, dando para Ricky Watters correr com a bola ou correndo ele mesmo. Acho que comecei a torcer para mim mesmo, para que eu acertasse os meus palpites. Infelizmente desde então o 49ers não se acertou mais. Mas durante transmissões isto nunca teve peso, pois torço mais pelo meu trabalho e sempre achei que o público merecia imparcialidade. Não me é difícil ser imparcial porque acho o esporte mais importante que qualquer time.
- Após tanto tempo trabalhando, tanto na TV, e agora com o futebol americano aqui no Brasil, qual sua motivação para seguir na estrada?
É uma coisa que vem lá de dentro. Continuo com tesão de participar, de fazer coisas legais acontecerem. E como posso e faço, vou seguindo na estrada.
- Existe algum sonho que você ainda queira realizar?
Já estive em 28 países, conheci várias culturas. Sobram muitos ainda. Gostaria de gritar um touchdown no Maracanã (já fiz isto em Vila Belmiro). Ganhar um Oscar já ficou difícil, hehehe!
- Falando um pouco do futebol americano do Brasil. Você acha que estamos no caminho certo para que o esporte cresça e se torne popular aqui?
Só nestes dois anos que estou aqui no Brasil, já vi e participei de um boom que ninguém sonhava. O futebol americano está aparecendo no mapa e acho que o caminho certo mesmo vai aparecer como decorrência dos bons caminhos que estamos seguindo. E talvez dos descaminhos que vão se provando errados.
- Você acha que no futuro poderemos ter uma competição de nível nacional, que atraia televisão, mídia, patrocinadores? Não no nível do campeonato brasileiro, mas algo organizado e que chame a atenção do público, como a NBB vem fazendo, por exemplo?
Teremos este ano três competições interestaduais, com a entrada do nordeste e a nova liga LINEFA. Em 2009 foi uma. Em 2010 foram duas, sendo que o Torneio Touchdown foi a menor e atraiu um apoio de mídia sensacional e 10 mil espectadores. Este ano, com 16 times, o TTD será o maior campeonato brasileiro e espero que seja mais um passo em frente. É questão de tempo e patrocinadores perspicazes vão perceber o seu potencial.
- Com os constantes e já quase "de-lei" jogos fora dos EUA na temporada regular (como é o caso do jogo em Wembley), o quanto você acha que o Brasil está longe de sediar um jogo da NFL?
Em outubro de 2008 eu tive, em Nova York, uma reunião de uma hora e pouco com o então Vice Presidente da NFL International, Gordon Smeaton. Inglaterra, México, China estão entre as prioridades da NFL. De qualquer modo acredito que a Copa do Mundo e as Olimpíadas serão um teste real sobre a capacidade do Brasil para anfitriar grandes eventos internacionais. Um jogo de pré-temporada no Maracanã chegou à ser considerado por uma gestão anterior da NFL que até mandou uma comissão aqui pouco depois da virada do século, mas foi desencorajada pelos seus próprios contatos no Brasil. Diga-se a verdade, todos dirigentes ou envolvidos no futebol.
- Esse grande número de ligas no Brasil, e Associações organizadoras de competições. Em sua opinião é benéfica para o crescimento do esporte, ou deveriam começar a repensar esse formato?
O crescimento vem sendo grande e desordenado. Filosofias diferentes e discordantes. Interesses variados. Mas o próprio país funciona assim. De qualquer modo, sem contar com os campeonatos estaduais, desafios regionais, flag, campeonatos na areia, teremos este ano mais de 100 partidas equipadas de âmbito interestadual que serão disputadas no Brasil. E este será apenas o terceiro ano no qual se joga o futebol americano devidamente equipado. Assim como aprendemos ou não em 2009 e 2010, aprenderemos ou não em 2011. Qualquer hora todo mundo aprende e a bola oval vai achar e fazer seu caminho ou caminhos no Brasil. Mas não podemos nos queixar. Estamos indo bem.
- Com a experiência de duas competições anteriores, e partindo para a 3ª edição do Torneio Touchdown agora em 2011, qual você acha que é a maior dificuldade em se organizar um torneio de nível nacional aqui no Brasil?
Disponibilidade de pessoal e custos. Buscamos fazer nível profissional com amadores, e agora me refiro ao amadorismo fora do campo também. São todos heróis apaixonados que futuras gerações terão que homenagear.
- Você já teve alguma idéia que infelizmente não pode ser colocada em prática no TTD?
Muitas! Obrigatoriedade de estatísticas, afinal é um jogo de números. Transmissões de qualidade pela internet. Shows de abertura e intervalo em todos os jogos. Mas acredito que é melhor ir fazendo o que pudermos sem prometer do que prometer e não cumprir ou fazer meia boca.
- Você acha que o esquema de parceria dos clubes de futebol, com os times de futebol americano, um bom caminho para atrairmos cada vez mais interessados para o esporte?
Certamente é um dos caminhos que devem continuar a ser explorado. Corinthians, Vasco, Santos, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Portuguesa, América, e Coritiba já estão envolvidos com as diversas modalidades da bola oval. Uns poucos oferecendo já certa estrutura, outros apenas nominalmente. Universidades já começam a se interessar e isto pode ser um excelente caminho também. Não devemos esquecer que o futebol americano teve o seu começo nos Estados Unidos no século 19 em universidades e o College Football bomba!