Wednesday, March 14, 2007
Um recado de um jovem poeta.
Uma poesia que escreví em 1967, quando eu tinha 23 anos, e fazia recitais de protesto onde me deixassem. Neste, a presença do grande pianista Bené Nunes (em primeiro plano na foto) foi um detalhe. Mas parece que os protestos não adiantaram nada.
Ah, seu moço, eu não quero guerra não.
Ainda quero ir longe,
bem além do fim do mar.
Quero ver o que restou
do Egito que acabou.
Ainda quero ver a Lua,
e de lá escrever à Terra
toda uma ode em seu louvor.
Moço, eu não quero sua guerra não!
Tem tanta canção que ainda não cantei.
Tanto o que dizer, e ainda nem falei.
Quero encontrar a minha mulher amada,
que há tanto é esperada.
E depois, seu moço,
ainda não plantei nenhuma árvore,
não escreví nenhum livro.
E ainda não fiz nenhum filho.
Sua guerra vai ter que esperar.
Meus amigos, seu moço,
ainda não acharam o caminho para trilhar.
Se eles ainda estão na procura,
como pode, seu moço, a sua guerra começar.
Começar antes que se cure o cancer.
Antes que o sol levante para o futuro.
Seu moço, a sua guerra vai fazer o futuro passado.
Vai tirar a vontade de sorrir.
E meu amor, seu moço,
talvez nem dê tempo de eu amar.
Seu moço, entenda bem, e ouça e preste atenção.
Seu moço, eu não quero a sua guerra não.
Seu moço, olhe que guerra não é novela de televisão.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Lindo pena que este é do ano de 67 e ao mesmo tempo é tao atual ...
depois eu te mando um dos meus... ;)
Post a Comment