Eu havia fundado a Lista Redzone há apenas 3 anos e um dos seus membros, Rafael Bruzamolin já havia escrito alguns mails buscando pessoal para jogar em Curitiba. Aproveitei e anunciei numa das transmissões de NFL na ESPN que quem quisesse brincar com a bola oval o encontrasse dia tal, hora tal, atrás do Museu Oscar Niemeyer. O tempo foi passando até que este email chamou a minha atenção de um modo especial:
“From: "manohooligan”
To: redzone@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, December 06, 2001 10:57 PM
Subject: [redzone] Time novo em Curitiba!
E ai, galera.
Primeiro vou me apresentar. Tenho 23 anos e podem me chamar de Mano, meu apelido desde pequeno (pelo amor de deus, não tem nada a ver com aquele mano do Tom Cavalcante). O primeiro jogo que assisti foi o SB XXVI de 1992, por isso tenho um carinho pelo Redskins. Mas torço mesmo pro DABEARS! Gosto da maioria dos times, pqe pra mim o football é lindo, nao importa jogado por quem. Mas odeio 2: Cowboys e Ravens. E odeio o Randy Moça tbem. Os torcedores do Vikings tem que tirar o cara, ele é um mongolão. Ele que vá jogar basquete, como declarou um tempo atrás.
Sou de Curitiba e em 25 de novembro desse ano (Eu, David, Marcio, Rafael, Julio, Zé, Paulo, Clark (the freak), Rodrigo, Wesley, Leandro, Daphnes e mais uns cabeças) fundamos um time aqui, o "Curitiba Brown Spiders". Jogamos american football com algumas regras diferentes. Quem for de Ctba da lista e quiser jogar conosco mande uma mensagem que a gente diz onde, quando, etc jogamos. Oh Adler, fala do nosso time nesse MNF, por favor. E parabéns pelo trabalho de expansão do football no Brasil.
Valeu pela oportunidade. Falou, Mano.”
Um time. Com nome e tudo mais! Claro que falei no MNF. Em 2003 vim ao Brasil de férias e dei um pulinho em Curitiba para encontrar com alguns amigos do meu canal de bate papo no IRC (que não tinha nada a ver com futebol americano) e aproveitei e convidei também o pessoal do Brown Spiders para uma churrascaria. Hoje, Leandro Molinari é o Presidente do time, outros se tornaram técnicos de times importantes como o David Pereira (Hurricanes) e o Ernani Valério (Istepôs).
Tempos depois, fui entrevistado (em espanhol!) no programa NFL Semanal da ESPN Internacional, aparecendo pela primeira vez num programa que semanalmente eu transmitia em português e era comandado pelo meu colega e amigo Alvaro Martin, grande especialista de futebol americano. Falei um pouco da incipiente bola oval no Brasil, e quando citei o Curitiba Brown Spiders ele gostou tanto do nome que imediatamente se declarou no ar como torcedor do time. Alvaro citou o Brown Spiders em diversos outros programas por conta própria.
Passagem de tempo. 2008 e depois de uns 3 anos sem vir ao Brasil me encontro sendo recebido no Aeroporto Afonso Pena pelo Nilo Tavares (então do Barigui Crocodiles e hoje do Brown Spiders, e levado para o Flamenguinho sendo pintado pelo pessoal do Croco e do Brown Spiders para o primeiro jogo completamente equipado do Brasil. Fico espantado de não ter arquibancadas, esperando uma revolta pública no dia seguinte. Nilo e Rodrigo Proença, me acalmam.
No dia seguinte lá estou, e orgulhosamente narro o jogo histórico, um marco não só para o Curitiba Brown Spiders e o Crocodiles, mas para o futebol americano no Brasil. O grande sucesso me animou tanto que sugeri depois, em reunião, uma futura criação do Torneio Touchdown. Desde então o esporte não parou mais de crescer.
O crescimento sempre tem as suas dores. O Brown Spiders, que só sabia ganhar, teve que aprender a lidar também com algumas derrotas. Com a lição, o time se reergueu e fez uma bela temporada em 2011, seu ano de 10º aniversário e chegou ao título de Vice Campeão Paranaense.
Prevejo e desejo ao Curitiba Brown Spiders muito sucesso. O time certamente já entrou na História do Futebol Americano no Brasil. E confio que deixará nos próximos anos mais marcas brilhantes ao ir tecendo a sua teia.
Happy Anniversary, Curitiba Brown Spiders! A bola é sua!
André José Adler
Sunday, June 26, 2011
Tuesday, June 14, 2011
E é... Torneio Touchdown! Kickoff 2011
Enquanto os donos e os jogadores da NFL ainda estão discutindo quantos milhões de dólares ficam para quem e se fazem mesmo a temporada de 2011, os nossos times ABC Corsários, Botafogo Mamutes, Corinthians Steamrollers, Corupá Buffalos, Curitiba Hurricanes, Curitiba Predadores, Jaraguá Breakers, Palmeiras Locomotives, Ponta Grossa Phantoms, Ribeirão Preto Challengers, Santos Tsunami, Timbó Rhinos, Tubarões do Cerrado, Uberlândia Lobos, Vasco da Gama Patriotas, e o campeão de 2010 Vila Velha Tritões se preparam para o maior campeonato de futebol americano que já se fez no Brasil.
Com oito times em 2009, sete em 2010, este ano o Torneio Touchdown contará com 16 times, o que representa mais de 800 pessoas se dedicando ao esporte que poucos acreditavam que fosse decolar no país do futebol introduzido por Charles Miller em 1895. O futebol americano está crescendo rapidamente. Quem diria que em apenas em três anos tantos times estariam participando de campeonatos interestaduais estruturados?
A própria mídia já vai abandonando matérias comparativas (“E a bola é...oval!”) e se aprofundando neste jogo tão rico em estratégias e percebendo o que há além do dinâmico contato físico.
Times contam com torcidas, algumas vezes já organizadas. Nossos jogadores adoram o prestígio e o incentivo que recebem de um público cada vez maior e que cada vez se diverte mais com os nossos espetáculos esportivos.
4450 espectadores acompanharam no Estádio do Tupy em Vila Velha, ES, os jogos do Tritões em 2010. O time orgulhosamente os recompensou vencendo o campeonato num jogo histórico em Vila Belmiro, numa árdua disputa contra o Vasco da Gama Patriotas. Nada mais natural e adequado do que começar o campeonato este ano naquela cidade que tanto apóia o seu time e o futebol americano.
Espírito Santo, Minas Gerais, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e Santa Catarina terão este ano a oportunidade de acompanhar os jogos destas 16 equipes que não medirão seus esforços físicos, táticos e financeiros para disputar jogos de qualidade que ofereçam entretenimento para o público. Serão 45 jogos até a final, 45 oportunidades de levar para milhares de pessoas a oportunidade de acompanhar ao vivo o que antes só se via pela televisão em partidas nos Estados Unidos.
Continuando com a mesma filosofia de imparcialidade, temos uma tabela que dá chances tanto para os times mais experientes como para os mais novos. Um formato novo, no qual nenhum confronto se repetirá na temporada na qual cada time jogará contra 5 adversários.
E certamente aprenderemos mais, como aprendemos nos 2 anos anteriores, fazendo com que o futebol americano cresça em qualidade e atraindo mais investimento para que os times possam crescer.
Ainda estamos longe de discussões entre organizadores e jogadores para a partilha de milhões de dólares, como na NFL, mas a popularidade do esporte tende à crescer mais rapidamente do que se poderia imaginar.
Como disse Bill LeMonnier em Guarulhos este mês: “O futebol americano é o mais complexo dos esportes”. E por ser o mais complexo, é rico. E muito divertido!
Tabela do Torneio Touchdown
Tuesday, June 7, 2011
Os Guardiões do Futebol Americano
Bill LeMonnier veio, ensinou e deixou amigos no Brasil. Certamente ficou meu. Além de um profissional da maior competência, ele demonstrou sensibilidade e humor durante a excelente clínica de arbitragem em Guarulhos. Estou orgulhoso de ter sido parceiro dele na apresentação e tradução, e grato pela chance também de compartilhar algumas das minhas observações nestes dois anos que estou no Brasil envolvido em organização de campeonatos.
Foi emocionante ver representantes de Belém, Brasília, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina priorizando o aprendizado e refinamento dos seus conhecimentos sobre as regras e a maneira de empregá-las.Estas cerca de 50 pessoas tornaram-se muito especiais e merecedoras do meu maior respeito e apreciação. Estou certo que poderão compartilhar muito em suas cidades, elevando o nível da arbitragem dos jogos brasileiros. Os que poderiam ter tido a oportunidade de estar lá e não foram perderam uma chance maior que possam imaginar.
Foi também um prazer trabalhar novamente em parceria com o Flávio Cardia e o incansável Mario Lewandowski. Juntos, organizamos o primeiro campeonato brasileiro de futebol americano, o Torneio Touchdown em 2009, e hoje eles como Diretor Executivo e Diretor de Marketing da AFAB e eu na gestão do TTD estivemos novamente unidos em prol de um objetivo para beneficiar o progresso da bola oval brasileira. E desta vez sem falta de luz interrompendo...
Rever o pessoal do São Paulo Storm, que eu não via desde o Torneio Touchdown 2009, e o pessoal do São Paulo Spartans que eu não encontrava desde o TTD 2010 foi também um grande prazer e sou muito grato à eles pela participação no jogo-aula.
Além de tudo, foi uma experiência (e um desafio) muito divertida servir de intérprete do Bill (obrigado Dan Muller pelo apoio). Aprendi mais sobre detalhes de regras do que em quase 19 anos narrando, comentando, escrevendo, entrevistando jogadores e técnicos, e produzindo programas de futebol americano. Aviso que tenho também o meu Cerificado de Conclusão assinado oficialmente pelo Flávio Cardia, pela AFAB e pelo Bill LeMonnier, como USA Football Rules Committee Chairman. Mas não se preocupem. A possibilidade de me verem apitando um jogo é tão grande quanto à de o Steve Young voltar como QB do San Francisco 49ers e ganhar o Super Bowl...
Outro prazer foi conhecer o Karl, da KG Esportes que patrocinou o evento, tornando possível a presença de muita gente que gastou bem mais em viagens do que a inscrição nada exorbitante de 80 reais para a participação nos dois dias da clínica. Muitos KGs de agradecimentos para o Karl, uma pessoa que fala olhando nos olhos como eu gosto.
Oferecemos ao Bill LeMonnier uma placa de agradecimento: “Our appreciation for being a part of the American Football experience in Brazil and helping it take another step forward.” (Nossa apreciação por ser parte da experiência do futebol americano no Brasil, ajudando-o à dar mais um passo à frente). Acho que ele não esperava por esta, mas certamente poderia esperar mais do que eu quando estava traduzindo já no final da parte no auditório do Centro Adamastor (cedido pela Prefeitura de Guarulhos) o seu comentário sobre uma moeda de jogo numerada da sua coleção particular. Uma moeda do “Arch Rivalry” (assim chamada pelo jogo entre as universidades de Illinois e Michigan disputado em 2010 em St. Louis, Missouri famosa pelo seu arco). E em seguida me agraciou com a medalha. Não, não consegui disfarçar lágrimas. Será usada em 2 de julho no Kickoff do Torneio Touchdown III em Vila Velha.
Mas uma coisa não será esquecida por ninguém. Quando Bill concluiu os trabalhos dizendo: “Somos jogadores, técnicos e árbitros. Nós somos acima de tudo os Guardiões do Esporte”.
Foi emocionante ver representantes de Belém, Brasília, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina priorizando o aprendizado e refinamento dos seus conhecimentos sobre as regras e a maneira de empregá-las.Estas cerca de 50 pessoas tornaram-se muito especiais e merecedoras do meu maior respeito e apreciação. Estou certo que poderão compartilhar muito em suas cidades, elevando o nível da arbitragem dos jogos brasileiros. Os que poderiam ter tido a oportunidade de estar lá e não foram perderam uma chance maior que possam imaginar.
Foi também um prazer trabalhar novamente em parceria com o Flávio Cardia e o incansável Mario Lewandowski. Juntos, organizamos o primeiro campeonato brasileiro de futebol americano, o Torneio Touchdown em 2009, e hoje eles como Diretor Executivo e Diretor de Marketing da AFAB e eu na gestão do TTD estivemos novamente unidos em prol de um objetivo para beneficiar o progresso da bola oval brasileira. E desta vez sem falta de luz interrompendo...
Rever o pessoal do São Paulo Storm, que eu não via desde o Torneio Touchdown 2009, e o pessoal do São Paulo Spartans que eu não encontrava desde o TTD 2010 foi também um grande prazer e sou muito grato à eles pela participação no jogo-aula.
Além de tudo, foi uma experiência (e um desafio) muito divertida servir de intérprete do Bill (obrigado Dan Muller pelo apoio). Aprendi mais sobre detalhes de regras do que em quase 19 anos narrando, comentando, escrevendo, entrevistando jogadores e técnicos, e produzindo programas de futebol americano. Aviso que tenho também o meu Cerificado de Conclusão assinado oficialmente pelo Flávio Cardia, pela AFAB e pelo Bill LeMonnier, como USA Football Rules Committee Chairman. Mas não se preocupem. A possibilidade de me verem apitando um jogo é tão grande quanto à de o Steve Young voltar como QB do San Francisco 49ers e ganhar o Super Bowl...
Outro prazer foi conhecer o Karl, da KG Esportes que patrocinou o evento, tornando possível a presença de muita gente que gastou bem mais em viagens do que a inscrição nada exorbitante de 80 reais para a participação nos dois dias da clínica. Muitos KGs de agradecimentos para o Karl, uma pessoa que fala olhando nos olhos como eu gosto.
Oferecemos ao Bill LeMonnier uma placa de agradecimento: “Our appreciation for being a part of the American Football experience in Brazil and helping it take another step forward.” (Nossa apreciação por ser parte da experiência do futebol americano no Brasil, ajudando-o à dar mais um passo à frente). Acho que ele não esperava por esta, mas certamente poderia esperar mais do que eu quando estava traduzindo já no final da parte no auditório do Centro Adamastor (cedido pela Prefeitura de Guarulhos) o seu comentário sobre uma moeda de jogo numerada da sua coleção particular. Uma moeda do “Arch Rivalry” (assim chamada pelo jogo entre as universidades de Illinois e Michigan disputado em 2010 em St. Louis, Missouri famosa pelo seu arco). E em seguida me agraciou com a medalha. Não, não consegui disfarçar lágrimas. Será usada em 2 de julho no Kickoff do Torneio Touchdown III em Vila Velha.
Mas uma coisa não será esquecida por ninguém. Quando Bill concluiu os trabalhos dizendo: “Somos jogadores, técnicos e árbitros. Nós somos acima de tudo os Guardiões do Esporte”.
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